Da Pátria que somos ao idioma que falamos… só em Português nos (des)entendemos?







Nascemos ibero-lusitanos e, por desavença familiar, portugueses fomos crescendo. Sedentos de espaço e aventura, ao mundo nos fomos dando, do mundo fomos recebendo. E, porque "à terra onde fores ter, faz como vires fazer", foram, também, as diásporas sucessivas que, na saudade do regresso, nos foram construindo em Língua-Pátria com indeléveis pinceladas de culturas mais ou menos distantes no espaço, mais ou menos perto no sentir e no sonhar… caminhos trilhados por contextos e vidas de tudo e de nada, que não apagam este vício de SER Português, ou melhor, esta permanente vontade de saber o que é ser português.
Na verdade, não sei. Sei muito sobre a agónica relação entre o querer e o não querer, entre o ser e o ter, entre partir (sempre) e regressar (também sempre), entre o caminho de ida, que é sempre mais longo do que o de volta, entre o ser contra e afinal aceitar… Todavia, pergunto-me muitas vezes se ser português é comemorar com mais veemência as festas de outros povos (como Halloween e dia dos namorados…); pergunto-me se ser português é ter (agora) uma língua que é uma corruptela daquela que foi a minha; pergunto-me se ser português é (politicamente) pugnar mais pelo ensino da cultura dos outros do que por aquela que nos une; pergunto-me se ser português é desdenhar a própria raiz cultural, exactamente nos antípodas do que outros povos fazem, em que se tem orgulho no que os destaca, pergunto-me se ser português é só saber cantar o hino com compassos musicais e tudo…
"Partimos. Vamos. Somos." Mas voltamos sempre. Assim aconteceu a tantos que, senti
ndo o calor terno e límpido acariciar-lhes as deambulações descontraidas dos pensamentos por que deixavam invadir-se , voltaram ao lugar de onde tinham partido e perderam-se naquele canto do mundo, onde o tempo não chega e se ouve o silêncio, sem a necessidade urgente de agarrar o destino. Voltar, pressentir memórias sem princípio nem fim, onde os sentidos se exaltam e as palavras sobram, como se estivéssemos a visitar as consequências de um eterno dilema, porque só em parte se parte...
I want to be Portuguese, Portugiesin, but I don’t want to, I mustn´t, forget that ich bin eine Europärin, eine “ Weltrin”, a citizen of the world. If on one hand I want to defend my roots, my past, my beautiful and sunny homeland, anderseits ich will zu der ganzen Welt gehören. Why? Warum? Ich weiβ nicht, I don’t know and vielleicht I am not interested in knowing the answer. Gleichzeitig bin ich bewundert by the grandiosity of Torre de Belém, the mystery of Big Ben and the beautifulness of Schloβ Neuschwanstein in Bayern. I know we, the Portuguese, are hospitable, aber ich kann nicht vergessen (weil ich dort gewesen bin) daβ, the English can be extremely helpful and the Germans diszipliniert und Naturschützer. Yes, I don’t want to leave this world, I want to live.
Aujourd’hui, les enfants de la patrie, qui est la nôtre, sont de moins en moins motivés, pour un jour de gloire qui n’arrivera jamais. Aujourd’hui, contre eux, s’élève l’étendard de la tyrannie et de l’absence de son identité culturelle. Sa langue n’est plus sa patrie et celle-ci est plongée dans la plus éteinte tristesse, elle ne se revoit plus dans l’exemple de ses glorieux ancêtres. “Oh gloire de commander, oh vaine convoitise/de cette vanité à laquelle on appelle renommée”, où nous conduiras-tu? On se plaint, on crie, on hurle, mais personne ne nous écoute. Faudra-t-il réinventer le mai 68 ou le 25 avril pour que les enfants de cette patrie retrouvent leur pays, leur gloire, leur jeunesse, leur liberté?



Texto escrito a 10 mãos



[imagens do Dia Europeu das Línguas (26 de setembro), na ESC]

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