A propósito do dia Internacional da Literacia [8 de setembro]


A leitura torna o homem completo; a conversação torna-o ágil; e o escrever dá-lhe precisão.
Francis Bacon

Nos finais do século XIX, a literacia era entendida como uma habilidade discreta: sabia-se, ou não, ler, escrever e realizar operações numéricas básicas.

Aula numa escola primária. 1900
 Fotografia de Alberto Carlos Lima, AML-AF, A15064

À medida que a produção e a difusão da informação se tornou exponencial, com a massificação de novos meios de criação e de comunicação de informação, a literacia tornou-se a base de muitas profissões e funções sociais, e deixou de ser entendida como uma capacidade discreta. Hoje em dia, é entendida como uma possibilidade em crescendo, ou seja, é-se mais ou menos dotado de competências em literacia consoante a capacidade que se tem de utilizar sinais gráficos, em múltiplos suportes e formatos, para interagir em situações sociais complexas. A literacia, é, assim, a base do uso da informação e, por isso, a base de outras literacias, como a literacia dos média, literacia digital, literacia da informação, etc.



Mesmo que mantenham o carácter predominantemente manual, a quase totalidade das profissões, e sobretudo as que dão acesso a maiores oportunidades sociais, assenta na capacidade de usar e descodificar informação. Por isso, a UNESCO considera que a literacia é um direito humano fundamental e a base do desenvolvimento social, económico e pessoal. Em contrapartida, não ter acesso à possibilidade de aprender ler e escrever é um caminho para a pobreza, um acesso menor a cuidados de saúde, a condenação ao ciclo de miséria (ver aqui).


Há 40 anos que a UNESCO celebra o Dia Internacional da Literacia a 8 de setembro. A celebração deste dia traduz o apoio da UNESCO a múltiplas atividades que têm como objetivo reduzir o analfabetismo (há cerca de 122 milhões de iletrados no mundo e 67 milhões de crianças que não têm a possibilidade de ir à escola; para mais informação ver aqui) e erradicar o analfabetismo funcional (mesmo tendo frequentado a escolaridade básica, muitos adultos e jovens adultos, mesmo nos países desenvolvidos, não consegue resolver situações quotidianas quando estas implicam a utilização de informação) e, por essa via, aumentar as oportunidades de educação (a literacia é a base de toda a aprendizagem), diminuir as desigualdades de género e facilitar o desenvolvimento sustentável, a paz e a democracia.

O trabalho da UNESCO remonta a 1946 e em 2002 tomou a dianteira ao considerar a década seguinte como a década da literacia.

UNESCO Internacional Literacy 
A atividade da UNESCO na erradicação da iliteracia manifesta-se também no apoio a múltiplas iniciativas locais. No presente ano, o prémio Internacional da Literacia da UNESCO subordinou-se ao tema “Literacia e Desenvolvimento Sustentável” e premiou vários projetos locais (ver aqui e aqui) desenvolvidos em Espanha, Burkina Faso, Argélia e outros países. Com ênfase na aprendizagem de competências em literacia, estes projetos visam a integração de minorias ou dos socialmente mais desfavorecidos.

Aprender a ler e a escrever, promover o livro e a leitura, valorizar as aprendizagens escolares, desenvolver leitores sólidos, é uma missão que cabe a todos. Assinalar o dia 8 de setembro como o dia Internacional da Literacia é apenas uma etapa de um percurso que se faz todos os dias.
Isabel Bernardo


UNESCO (s/d). Education for de 21.st century. Obtido em http://en.unesco.org/themes/education-21st-century

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