Cantemos Portugal

 

 

“ Louvemos os nossos heróis! ” - dizia eu naquela altura. E agora tudo o que um dia possa ter louvado não voltaria a louvar neste momento. Ando em busca de algo novo para cantar, mas já não há nada que mereça ser cantado.

Olho à minha volta e os bombeiros, a quem o povo chama heróis, andam a atear fogos (?!), enquanto o povo, com bastante garra, tenta salvar o que é seu!

Com tantos incêndios, tomaram-se medidas e cortaram-se metros e metros quadrados dos terrenos desse povo, para proteger as estradas, mas não perturbaram as propriedades privadas (?!). Contudo, se alguém se atreve a entrar nestas propriedades para apanhar umas pinhas ou uns ramos secos, há desentendimentos e muitas vezes alguém acaba morto num canto da rua…

As mulheres, a quem eu tanto dei ênfase por serem grandiosas e ilustres pessoas, agora como poderei louvá-las se andam com aspetos e atitudes que em nada as favorecem para apenas ganharem mais visibilidade no mundo que as rodeia?

É neste Portugal que habitamos, onde tudo se faz com a intenção de querer algo em troca, onde toda gente mente sobre quem realmente é e onde o amor é falso e cheio de mentiras. Não há nada de glorioso em trair, mentir, usar, manipular, mas é isso a que chamam amor… agora. O povo português já não fica escandalizado com isto nem com as mulheres a vestirem menos roupa apenas para serem o centro das atenções.

Muito mais glorioso seria que todos agissem adequada e respeitosamente de acordo com a situação em que estão, que preservassem todo o nosso património e acima de tudo que fossem honestos.

Este Portugal, que um dia louvei e que deveras tinha por que ser louvado, com um grandiosíssimo povo, não é mais ilustre nem digno de ser louvado, em nenhum aspeto nem mesmo nas gentes da alta sociedade onde mentir e roubar é o que os governa.

Então, se eu fosse Camões, não cantaria o Portugal em que habito.

Carolina Antunes de Jesus