Revisitando ... "A velhice é uma chatice"
REVISITANDO
MÁXIMAS OUVIDAS
De autoria
comunitária ou de autoria conhecida (ou nem tanto), há máximas que vão
marcando a existência do ser humano português através do tempo, mas
adaptando-se a (sempre) novas circunstâncias. Revisitá-las sob a perspetiva do
século XXI é um desafio.
Não sou exatamente uma especialista em
velhice; sou uma mera adolescente e, por agora, concentro-me na chatice que é
ter esta idade, assim como os adultos se queixam do que a deles acarreta.
Normalmente, não pensamos muito em como deve ser complicado ter mais uns anos (e
problemas).
Ser velho – idoso, para os mais sensíveis -
é, antes de mais, ter de decorar uma lista interminável de, primeiro, doenças e,
depois, medicamentos, para poder competir com os outros velhos e perceber quem
leva o título de mais doente. Não se pense que estou a brincar: no outro dia,
na sala de espera do centro de saúde, uma senhora descalçou, de forma
orgulhosa, a pantufa e a meia para exibir aos presentes os seus joanetes e
explicar porque é que ia ser operada.
Ter uma idade avançada, além de nos deixar
fisicamente mais vulneráveis, também é significado de introspeções profundas
sobre a vida, sobre as oportunidades desperdiçadas, os erros, as pessoas
perdidas ao longo do caminho e dos melhores momentos que foram vividos com leviandade.
Pelo menos, parece-me, quando ouço algo, entre suspiros, como “Aproveita esse
tempo de jovem que é o melhor que a gente tem. Se eu pudesse voltar atrás...”.
Decerto que há coisas que tornam a velhice
uma chatice, mas também há várias mais-valias que vale a pena realçar. Quando
se é velho tem-se um leque de privilégios que (quase) compensa as artroses e as
dores na anca por inteiro. Os lugares privativos no autocarro e a prioridade em
vários locais e serviços públicos podiam ser suficientes; mas ter o prazer que
muitos têm de contemplar a família, que só existe por sua causa, e poder
partilhar com ela o conhecimento conseguido ao longo dos vastos anos é o que
faz com que a vida seja mais que uma caminhada monótona, apressada e fugaz para
a morte.
Alexandra Pereira, 12.º LH2
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