nas páginas da História: lembrar o passado, pensar o presente


A Seara Nova


Em 1919, um grupo de intelectuais, preocupados com a permanente crise das instituições republicanas, começa a reunir-se com regularidade. Desse grupo acabará por surgir, em 1921, um projeto não partidário de intervenção política, que toma corpo através da fundação da Seara Nova.

A Seara Nova é uma revista doutrinária e crítica fundada em Lisboa com fins pedagógicos e políticos. Esta tinha como principais mentores Jaime Cortesão, Raul Proença, Aquilino Ribeiro, Augusto Casimiro, entre muitos outros.

O primeiro número da Seara Nova foi publicado no dia 15 de Outubro de 1921, numa época de desastre coletivo: desigualdades sociais, baixo nível cultural, ausência de valores e preocupações éticas, corrupção, etc. Os seus fundadores opunham-se a este desastre e pugnavam pelos valores da inteligência, da cultura, da ética, da justiça e do progresso. Exemplo disso é que no editorial do primeiro número da revista afirmava-se: (…) a Seara Nova não pode proceder (…) como se uma maior justiça social não fosse possível (…) como se o socialismo não representasse uma promessa de realização dessa justiça (…).

Grandes nomes passaram pelas páginas desta revista, nomeadamente José Saramago, Alexandre Cabral, Alberto Vilaça, entre muitos outros. Intelectuais de grande valor. Homens de caráter e cuja moral se encontra espelhada numa das frases do primeiro número da revista: Em democracia quem mente ao povo é réu de alta traição.


A Seara Nova foi sempre um espaço de diálogo, de abertura às ideias do progresso, de investigação, de rigor ético e de divulgação cultural. Dada a sua grande abertura à cultura e à unidade pelos ideais progressistas, esta acabou por criar um espírito seareiro.


No final da Primeira República, a Seara Nova destacou-se pelo seu valor intelectual e, desde logo, alertou e denunciou os perigos do advento da ditadura. Esta revelou-se ideológica e culturalmente antifascista. Na resistência ao fascismo, a revista, mesmo quando alvo dos serviços de Censura que lhe impunham cortes e proibições, foi um farol democrático, um espaço de elevadas polémicas e de valiosas colaborações de toda a intelectualidade progressista.

Assim, podemos concluir que, a Seara Nova foi um dos principais veículos de consolidação da oposição democrática em Portugal. Apesar das vicissitudes resultantes da censura e das dificuldades financeiras que o projeto atravessou, este menteve o entusiasmo e o interesse do público, numa aliança invulgar em Portugal de criatividade, combatividade e robustez ideológica.

Para saber mais sobre a Seara Nova nos dias de hoje, ver: http://www.searanova.publ.pt/


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Christiane Marques (12ºLH)

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