Poesia trovadoresca





Os primeiros textos literários em língua portuguesa surgem no final do século XII, quando Portugal contava pouco mais de meio século de existência, depois da sua independência de Castela. Nesta época, no ocidente da Península Ibérica, Galiza e reino de Portugal, utilizava-se uma língua bem diferenciada do castelhano, o galego-português ou galaico-português. Esta língua arcaica, derivada do Latim, desenvolveu-se progressivamente a partir do séc. IX e foi usada até meados do séc. XIV. O galaico-português, a norte e a sul do rio Minho, era utilizado nos documentos oficiais como testamentos, cartas de foral, documentos jurídicos e judiciais e nos textos de carácter literário. Tornou-se uma língua poética muito usada nas poesias trovadorescas nos reinos de Portugal, Galiza bem como nos reinos de Leão e Castela, durante este período.

A poesia foi o primeiro género literário a surgir pois, tal como noutras literaturas, a cultura era transmitida sobretudo oralmente. As características do texto poético, que se apoia na memorização para a comunicação, usa a sua natureza repetitiva (através do ritmo, esquemas, sons, rimas, ideias que se repetem na poesia) associada ao canto e que é muito frequente nas diversas atividades como o embalar as crianças, os trabalhos agrícolas ou domésticos, nas festas e comemorações, assim como nos momentos menos agradáveis como as despedidas e lutos, entre outras.

A literatura portuguesa, como todas as literaturas, surge associada ao canto, à música e mesmo à dança. Por isso mesmo, às poesias medievais se chamam Cantigas que eram construídas sobre um esquema musical, podendo ser cantadas e acompanhadas musicalmente com música original ou músicas que eram populares na época. Os poetas eram designados trovadores e, por isso, a poesia desta época é designada por poesia trovadoresca.
Esmeralda Rodrigues

Lista de referências bibliográficas:

Lemos, E. (1984). A literatura medieval. A poesia. In História e Antologia da Literatura Portuguesaséculos XIII e XIV. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Lopes, G. V., & Ferreira, M. P. et al (2011). Cantigas medievais Galego-Portuguesas [base de dados online]. Lisboa: Instituto de Estudos Medievais, FCSH/NOVA. Disponível em http://cantigas.fcsh.unl.pt

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