Mistérios do Sul, de Danielle Steel
Confrontar o passado
Mistérios do Sul é o título de um livro da escritora
norte-americana Danielle Steel, cuja vasta obra tem conquistado leitores em
mais de 45 países.
Para além da escrita, esta autora, mãe de nove filhos,
dedica também parte do seu tempo à gestão de duas instituições de solidariedade
social, que fundou. ~
Nas primeiras páginas de Mistérios do Sul, ficamos com a
sensação de estar a ler um romance policial, pois a narrativa começa com a
prisão de um homem, suspeito de ter violado e assassinado dezoito jovens. O
próprio título parece orientar a nossa leitura nesse sentido.
Porém, poucas páginas depois, percebemos que, afinal, muito
mais do que narrar a forma como são conseguidas as provas para a condenação do
criminoso, a história vai centrar-se nas implicações que este caso judicial vai
ter na vida pessoal e profissional da protagonista, Alexa, a advogada designada
para provar, em tribunal, a culpa do arguido.
Assim, para proteger a filha adolescente de 17 anos, Alexa
não tem outra saída a não ser procurar a ajuda do ex-marido, do qual guarda uma
grande mágoa. Vê-se, então, obrigada a confrontar o seu passado doloroso, o que
faz com frontalidade e coragem mas também com amargura.
Tal como acontece em outros romances da mesma autora, todo
este processo vai acabar bem. Alexa sai vitoriosa, não apenas porque desempenha
exemplarmente o seu papel de advogada de acusação, conseguindo a condenação do
criminoso, como supera as mágoas do seu passado, que a impediam de ser uma
mulher feliz. Na verdade, quando as questões do passado não são resolvidas
convenientemente, elas podem envenenar o presente e o futuro, tornando a vida
uma passagem infeliz.
Considero particularmente interessante a parte do julgamento
do violador em série, sobretudo no que se refere à argumentação apresentada por
Alexa. São algumas páginas que representam um discurso inteligente com o
objetivo claro de mostrar ao auditório o horror dos crimes cometidos e a
responsabilidade que a sociedade tem de não permitir que pessoas capazes de os
cometerem fiquem impunes. Trata-se de uma questão de justiça e de consciência.
Mistérios do Sul é um romance onde a palavra tem poder. Não
só no tribunal, despertando as consciências e pedindo uma intervenção, em nome
da justiça, mas também nas muitas conversas que as várias personagens
estabelecem entre si. Os diálogos são frequentes e longos e são eles muitas
vezes que esclarecem equívocos e resolvem problemas. Talvez isto queira dizer
que é preciso conversar sobre o que nos incomoda, é preciso falar e saber
ouvir. Por isso, neste romance, as palavras são tão importantes: são elas que
ajudam a sarar as feridas do passado e readquirir a paz, dando oportunidade à
felicidade.
Por tudo isto, parece-me que Mistérios do Sul é um livro que
vai prender a atenção do leitor desde o primeiro momento. A sua história, muito
próxima do quotidiano de todos nós, faz-nos refletir sobre a justiça e sobre as
relações humanas, em particular entre mãe e filha, que aqui me parecem,
contudo, um pouco idealizadas. Além disso, seguindo o percurso da protagonista,
verificamos que a vida oferece novas oportunidades. Cabe a cada um de nós fazer
as pazes com o passado e saber aproveitá-las.
Maria Bita, 12ºLH1
Comentários
Enviar um comentário