É melhor prevenir


 

Ainda me lembro de, em pleno verão de 2017, abrir a janela do quarto e ver o céu coberto com tanta poeira que nos impedia de ver o típico céu de um maravilhoso dia de verão. Lembro-me de ouvir constantemente as sirenes dos bombeiros; lembro-me de ligar a televisão e de não conter as lágrimas ao ver o rasto de destruição que as chamas tinham deixado ao longo do nosso país. Mas, infelizmente, também me lembro de ouvir dezenas de reportagens que falavam da falta e da má qualidade dos equipamentos usados para o combate destes incêndios.

Passaram seis anos, e a notícia que escolhi refere-se exatamente a esta falta de helicópteros para o combate de incêndios. A justificação dada pelo governo tem a ver com os elevados preços dos equipamentos. Certo, eu compreendo: somos um país que, tal como todos os outros países europeus, atravessa um período de crise económica. Mas não somos nós o país que “ se vai dar ao luxo” de gastar cinco milhões a construir um palco para a visita do Papa? Não entendo esta lista de prioridades do nosso governo, isto é, não quero entender, pois sei muito bem que os cinco milhões investidos vão projetar Portugal mundialmente, como diz o Doutor Marcelo. Mas não é sempre ostentar aquilo que não temos, o que Portugal tenta fazer?

 A verdade é que, enquanto portuguesa, estou farta de ver situações semelhantes a esta. Prevenir não é a palavra de eleição do nosso governo. Vejamos o que penso ser o caso mais recente: as cheias de Lisboa. Não há um ano em que não se ouça falar nas cheias de Lisboa, nos seus estragos e nos custos que vão trazer. Mas parece-me que nem o facto de que acontecem todos os anos, há pelo menos dez anos, é uma razão válida para o governo finalmente atuar. Ou ainda temos - o que para mim é um dos piores casos - o Hospital de Todos os Santos, que está para ser construído há 40 anos. Este hospital vai acabar com os problemas incontornáveis dos outros seis hospitais da nossa capital e com os problemas diários dos milhares de utentes que deles usufruem. Mas também esta não é uma justificação. E os helicópteros? Podem ser a diferença entre a vida e a morte de alguém, entre outros aspetos.

Pergunto-me: não é o primeiro-ministro eleito pelo povo português? Não é ele o português escolhido para tomar decisões em nome de todos nós? Pois deveria ser, pois não preciso da experiência para saber que qualquer uma das vítimas destes problemas, já para não dizer a maioria dos portugueses, apostaria numa proposta de resolução de todos os problemas em cima discriminados. 

É talvez hora de nós nos prevenirmos e pensarmos bem se é este o governo que queremos, se são estas as pessoas que da melhor forma defendem os interesses dos portugueses.

Lara Oliveira Seabra, 11.º LH2

 

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