O frio bateu à porta

 


 

O frio bateu à porta. Percebemos cada vez mais isso quando saímos do quente das nossas camas, já sem vontade, e nos sujeitamos a um frio tamanho que nos faz tremer o queixo. As três camisolas e o casaco que vestimos parecem já nem ser suficientes quando colocamos os pés fora de casa e sentimos as temperaturas que rondam os graus negativos. Em casa, é a mesma história: a manhã fria é e, à noite, frio está!

Caminhamos cada vez mais para uma altura em que as lareiras são acesas. É sempre bom encostar as mãos à lareira e sentir aquele calor que nos invade o coração e o corpo. Quem não tem lareira liga o aquecimento ou o ar condicionado e aquece um pouco os seus lares. Ainda assim, aquecer o corpo não significa que a alma fique quente. Vivemos numa realidade em que nem todas as casas estão preparadas para o frio. As janelas ainda conseguem deixar entrar o ar. As portas têm ranhuras que dão aquela brisa que arrepia. As mantas têm de virar as nossas melhores amigas… Dói o coração só de pensar nas despesas que virão no final do mês para não “morrermos” congelados!

Pior ainda é quando vivemos numa época extremamente inflacionada em que a luz atinge preços astronómicos. É impensável para aqueles que não ganham tanto ter o aquecimento ligado durante muito tempo! E não, também não é fácil chegar a todo o lado, tenho de admitir isso. É muito complicado arranjar serviços para as casas rápidos e económicos. E ainda que existam, nem sempre são o suficiente para aquecer certas casas. Mas poderia ser diferente! O Estado poderia ajudar e contribuir com dinheiro para coisas que realmente importam, ao invés de gastar milhões em eventos que nada estão relacionados com as suas preocupações – ou não deveriam. As pessoas estão muito tempo à espera para que algo seja feito nas suas casas e pagam um balúrdio no que toca a contas da luz e nas próprias obras, pois para alguns é a única maneira de conseguirem remediar.

Para invernos frios como este, é mais fácil fazer como a senhora da reportagem: um xaile, mais uns cobertores na cama, o marido e a gata. Não só se passa o inverno mais quentinho, com o coração a transbordar e com menos preocupações, enquanto se espera que algo seja feito.

Fabiana Santos Sargaço, 11.ºLH2

A partir da reportagem «Cobertores, aquecedor, o marido e um gato: Helena combate assim o frio num bairro social do Porto», do Jornal “Público”.

 

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