Os professores serão só números?
«Todos os que acompanham o sistema educativo reconhecem o contributo dos profissionais (…). É um trabalho com muito profissionalismo, merecedor de gratidão e respeito (…). Em artigo recente, António Sampaio da Nóvoa engrandece os sistemas educativos (…) e reduz os últimos sete anos de políticas educativas a um conjunto de “nadas”.»
Neste artigo de opinião, João Costa comenta a opinião de António Sampaio da Nóvoa, usando números como argumentos. Mas serão os professores só números?
Em toda a evolução, há altos e baixos e com o ensino passa-se o mesmo. Após ler o artigo de opinião, apercebi-me de que este não coincide em parte com a realidade com que eu, como aluna e filha de uma docente, vivo todos os dias.
Para começar, vou falar da falta de segurança relativamente à carreira. Quando se chega aos finais de agosto, é sempre uma preocupação em casa, pois nunca sei se a minha mãe vai ter emprego, quando e onde, visto que há quase 20 anos que é contratada.
A dinâmica do recrutamento entristece-me, pois há vários professores que, para ir para a escola, têm de percorrer grandes distâncias. Na minha situação familiar, parte do dinheiro é gasto em combustível e portagens, o que afeta o orçamento. Além disso, o tempo de viagem e o cansaço pesam no tempo de família. Também a burocracia, que engloba reuniões de avaliação, fazer e corrigir testes, entre outros, deixa-me frustrada. Há dias em que sinto necessidade de ter tempo de qualidade em família. Porém nem sempre é possível.
Mas esta situação dos professores também afeta os alunos.
Augusto Cury (2004, 2009) afirma “Pais brilhantes, professores fascinantes” (mas face aos acontecimentos, eu sugeriria “Professores frustrados, alunos desmotivados”. Na minha opinião, a frustração dos professores sente-se pelos alunos, uma vez que as aulas tornam-se pouco dinâmicas. Além disso, os programas são extensos e os alunos não têm tempo para consolidar e saborear as novas aprendizagens.
Em suma, apesar de toda a evolução, esta não foi suficiente considerando todas as circunstâncias. Afinal, os professores são mais do que números. São pessoas, com sentimentos, uma vida familiar e social, e claro, com o futuro de uma sociedade nas mãos. Como tal, devem ser respeitados. Por isso, não concordo com parte do que no artigo de opinião se refere.
Íris Pinho, 10.º CT2
Referências bibliográficas
Costa, J. (2023, 10 de janeiro). Da transformação na escola pública portuguesa. Público. 17.
Cury, A. (2004). Pais brilhantes, professores fascinantes. Pergaminho.
Cury, A. (2009). Filhos brilhantes, alunos fascinantes. Pergaminho.
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