O amor a Portugal

Não somos nada. Descobrimos meio mundo, que afinal já existia, criamos um império colossal, que morreu porque um adolescente decidiu ir combater os infiéis no norte de África, e agora a “Nação valente e imortal” feita de "heróis do mar” e de um “nobre povo”, que de heroico tem pouco e de nobre ainda menos, limita-se a receber os filhos e amigos da sua mais antiga aliança nas suas praias.

Falamos de coragem, porque um dia nos lançamos ao mar, não por vontade, mas por necessidade; porque entramos no primeiro conflito à escala global para servir de carne para canhão à velha Europa; porque fizemos os nossos “egrégios avós" fugir de um Estado que se dizia novo; porque derrubamos esse Estado sem disparar uma única bala, quando na realidade centenas de irmãos jaziam no chão em nome da pátria, para que hoje os nossos jovens possam continuar a fugir do país, mas de consciência tranquila, porque ao menos, quem cá fica pode sempre criticar sem ter a cabeça a prémio.

Este país entristece-me e faz-me crer que os grandes heróis têm tanto de real como o Adamastor de Camões e que a nossa História não é nada mais que uma aspiração de um louco escondido na mansarda de um manicómio.

Portugal, tu és apenas um velho caquético por quem um exíguo povo se apaixonou e enraivece-me teres em ti meia dúzia de loucos que herdaram a coragem de Viriato e que hoje se resguardam neste canto da Europa, lutando por uma Nação que se governa para os outros.

Loucos ou corajosos? Isso Deus decidirá quando for hora. Por agora, se esse ser existir, que mantenha a coragem dentro dos braços e cabeças que aqui ficam. E se essa faltar, que lhes mantenha a paixão, porque louco sou eu e continuo sem acreditar num futuro de grandes feitos. 


Simão Cera

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