O habitual medo

 Tenho medo. Todos nós temos, mesmo sem nos apercebermos. Quem nunca sentiu o friozinho na barriga quando vai experimentar algo completamente novo? Quem nunca receou a morte de alguém que é importante?

Estamos constantemente numa montanha-russa de emoções, de experiências, aprendizagens e amadurecimento. É normal ter medo. É inconsciente, difícil de controlar e, por vezes, inevitável.

Não há ninguém que nunca tenha tido. Já em crianças, temos medo de começar a dar os primeiros passinhos sozinhos, sem a ajuda dos pais, pois podemos cair e magoar-nos; temos medo de adormecer sem alguém ao nosso lado, nem que seja um boneco de peluche, que durante a noite até acabamos por não suportar por tanto calor que fica na cama; temos medo do Homem do Saco e do Bicho-Papão, personagens que nunca vimos, mas que nos atormentam.

À medida que crescemos, os medos são outros. As mentalidades mudam, as preocupações aumentam, as prioridades alteram-se e deixamos de viver naquela inocência de uma criança. Já não temos medo do escuro. Nem do Pai Natal. Muito menos do tio maléfico da família que só o olhar nos deixava com vontade de nos enfiarmos num buraco. Atualmente, por exemplo, temos medo de contrair a COVID-19.

O incerto é temido, a mudança, então, idem aspas. O futuro assusta e o passado atormenta. O medo cria uma ilusão de tal dimensão que também nós criamos uma realidade que tem a ver com ele. Acho que o temor da solidão será sempre o maior deles todos.

Quantas vezes deixámos de fazer algo por receio de errar? Quantas vezes o medo nos paralisou? O importante é agarrar esse terror injustificado e irracional e transformá-lo no nosso motor para aprendermos, crescermos e avançarmos. No fundo, temos sempre de acabar por enfrentá-lo.

Lara Ferreira, 11.º CT1

Texto produzido na disciplina de Português, sob a orientação do professor Paulo Melo. 

 

T

Comentários

Mensagens populares