[continuando] pelos caminhos das ciências



Em meados do século XX, o espaço era considerado a última fronteira que o conhecimento humano teria ainda de desbravar. Hoje em dia, considera-se que a última fronteira está na Terra: o cérebro humano.
A natureza do homem, ou seja, o que define e distingue de outros seres vivos, tem sido uma preocupação do pensamento filosófico. A racionalidade, a capacidade de pensar a partir de conceitos, a possibilidade de agir de acordo com padrões éticos, e outras características, foram sendo tomadas por vários autores como a marca distintiva do ser humano. Hoje em dia, porém, já não é possível pensar a natureza humana sem pensar com e a partir dos dados que nos são fornecidos pelas neurociências e pela psicobiologia. O cérebro humano, cujo funcionamento base, físico e biológico, é em tudo muito parecido com de outros seres vivos com capacidade de consciência e autoconsciência, e é, também, a fonte da nossa marca distintiva de ser.
Muitos são os cientistas que têm contribuído para compreender o funcionamento do cérebro humano e, através desse conhecimento, construir uma visão mais profunda da natureza humana. Oliver Sacks é um desses cientistas. É professor de neurobiologia na Universidade de Nova Iorque e autor de livros científicos que se tornaram best sellers

Um dos livros mais interessantes do autor intitula-se O homem que confundiu a mulher com um chapéu (Lisboa: Relógio d’ Água, 1985). O livro assenta na experiência clínica do autor e retrata vários casos de pessoas com alterações no funcionamento do cérebro. Para a neurobiologia essas alterações são muito importantes porque mostram como o cérebro funciona, trata a informação e nos permite lidar o mundo. O caso clínico que está na origem do título da obra é o de um homem que perdeu a capacidade para reconhecer rostos e as emoções expressas pelos rostos humanos. Ora, grande parte das relações sociais que estabelecemos assentam na nossa capacidade de reconhecer o rosto de outra pessoa como alguém similar a nós e na nossa capacidade para ler emoções (dor, ira, simpatia, bondade…). Eis um excerto do livro: “Como se fosse um pitosga a passar na rua, fazia festas nas bocas de incêndio e nos taxímetros convencido que estava a acariciar crianças, dirigia-se educadamente aos candeeiros e ficava muito admirado por não receber resposta (…) Estendeu a mão e agarrou a cabeça da mulher para a levantar e pôr na cabeça. Tinha confundido a mulher com um chapéu!”. Os testes a que o paciente se submeteu mostraram que via na perfeição. Porém, o seu cérebro não processava adequadamente alguma da informação visual que recebia. Porquê? Este e outros relatos levam-nos a compreender a forma peculiar e extremamente complexa como o cérebro humano trata a informação. Um livro, sem dúvida, a ler e que também se contra disponível em formato ebook 

Do mesmo autor, também se encontra editada, em português, a obra Um antropólogo em Marte (Lisboa: Relógio d’ Água, 1995). Também disponível em ebook.





Um dos best sellers de Oliver Sacks foi adaptado ao cinema. Chama-se Awakenings (Despertares) e tem como atores principais Roberto de Niro e Robin Williams.





Também em Portugal se faz investigação de ponta nos domínios da psicobiologia e das neurociências. Alexandre Castro Caldas é um investigador português, responsável, durante muitos anos pela direção do laboratório do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, que se dedica à investigação da doença de Alzheimer.




Deste autor, está acessível, na Biblioteca Escolar Clara Póvoa, uma obra     com os conceitos básicos para compreender como o cérebro funciona. O livro chama-se A herança de Franz Joseph Gall: o cérebro ao serviço do comportamento humano. Do mesmo autor, pode também encontrar-se na Biblioteca Municipal de Cantanhede a obra Despertar para a ciência.






Para saber mais: 





Isabel Bernardo


A partir daqui e daqui [ligue o som, para este último] pode, também, viajar pelo cérebro humano e conhecer melhor alguns mecanismos de funcionamento desse órgão complexo que faz de nós seres tão interessantes quanto misteriosos.



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