Conquisto molduras douradas
Não fui ao Brasil, Praia e Bissau, Angola, Moçambique, Goa e Macau. Nem fui até Timor. Mas sou uma conquistadora. Em apenas dezassete anos de vida é difícil ter muitas grandes conquistas. Mas eu tenho as minhas pequenas grandes conquistas.
Não preciso de espadas, escudos, dragões ou tropas militares para as conquistar, apesar de ter o meu castelo para guardar o que vou conquistando. Num corredor sem fim aparente, estreito para que só eu possa por lá passar, com molduras de ambos os lados colocados nas paredes. Ficam assim as minhas conquistas eternizadas nessas molduras que são, ora grandes, ora pequenas. No entanto, convém referir que todas são ornamentadas com rubis e pequenos diamantes e banhadas a ouro, pois tudo o que está emoldurado é precioso e especial.
Gosto de conquistar sonhos. E sonho conquistar. Conquistar a vida. Seria a última grande moldura, ou melhor, a maior e penúltima delas todas. Porque, imediatamente a seguir, como se fosse a sua sombra, viria uma moldura muito, mas mesmo muito pequenina: a da conquista da morte, comum a todos, até às inocentes florezinhas e às fortes formigas.
Ter conquistas é tão essencial na vida de um ser humano como ser feliz. É o motor necessário para aproveitar a vida ao máximo e faz com que tudo valha a pena. As derrotas também são necessárias, essencialmente para reconhecermos até as mais insignificantes conquistas.
Um dia, ainda vou conquistar a vida, avô! E depois encontrar-te-ei. Um novo corredor num novo castelo será aberto e preenchido com outras tantas molduras que saberão a algodão doce.
Lara Ferreira, 12.º CT3
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