a ler...
A vida num sopro
A vida num sopro é,
certamente, um dos livros da minha vida. O seu autor entra diariamente nas
nossas casas, ao apresentar o Telejornal da
RTP1. José Rodrigues dos Santos nasceu em Moçambique, em 1964. (Confesso que não
consegui conter uma inocente alegria quando, durante o trabalho de pesquisa,
verifiquei que o autor nascera a 1 de abril. De facto, parece uma mentira, mas os bons escritores gostam
de nascer neste dia - Milan Kundera, o meu autor favorito, comemora o seu
aniversário na mesma data!)
Fig. 1 - José Rodrigues dos Santos |
Mas centremo-nos em A vida num sopro. A obra, publicada em
2008, divide-se em quatro partes, correspondentes a anos diferentes da ação (por
ordem, são eles os anos de 1929, 1934, 1936 e 1939). Por sua vez, cada uma das
quatro secções tem um título misterioso, quase incompreensível e, na altura,
desconexo. Terá tudo isto um significado lógico?
Na verdade, a história de amor
escrita por Rodrigues dos Santos é apaixonante, emocionante, magnífica! As
personagens principais são Luís e Amélia, cujos olhares se cruzam no liceu onde
ambos estudavam, em Bragança. Os jovens começam um intenso namoro, marcado por
conversas apaixonadas entre o caminho da casa da jovem à escola, passeios que
não se repetiram a partir do momento em que Amélia foge sem deixar recado, por
força da mãe, que não aprovava o relacionamento do casal.
Anos depois, Luís está em
Lisboa a estudar Veterinária. O jovem está cada vez mais atento ao cenário
político nacional, realidade conturbada e contestada. A sua vida mudara muito
em apenas cinco anos: conhecera Joana, sua companheira e alguém que se
assemelhava à amada Amélia, de quem perdera o rasto. É num almoço entre Luís e
um dos seus superiores, que reencontra Amélia (mulher deste homem de alto cargo
hierárquico, porém incapaz de a fazer tão feliz como fora outrora, nos tempos
de liceu). Descobre-se ainda que Joana é, afinal, irmã de Amélia. Durante umas
férias na quinta, Luís e Amélia reaproximam-se, aproveitando os momentos em que
mais ninguém está por perto. Contudo, a relação de ambos é descoberta por um
caseiro, cujo desfecho é uma morte pela mão criminosa de Luís.
Consequentemente, o jovem foge para Espanha, onde
adapta o seu nome de forma muito inteligente, e onde o cenário vivido é marcado
por combates sangrentos na Guerra Civil espanhola. Ainda assim, Luís não
consegue escapar para sempre e vai preso pelo crime que, no passado, cometera. Acontece
que a paixão entre o jovem e Amélia não ficou perdida pelos anos de liceu. Um
romance como o deles não pode terminar assim! A sua história de amor é única e
especial, e poderá ter um desfecho surpreendente. Conseguirão todos os
obstáculos ao amor derrubar um casal apaixonado? Porque será a vida, afinal, um
sopro?
Fig. 2 - A vida num sopro |
José Rodrigues dos Santos conseguiu, neste livro, cativar o
leitor de forma insigne. A sua escrita realista alia-se ao enredo apaixonante e
cria, assim, uma obra viva, intensa, sublime. Este é um dos livros que não
merece ficar quieto na Biblioteca Escolar Clara Póvoa. A quem não quer perder
uma das mais belas histórias da língua portuguesa, fica o desafio de o ler.
Porque este é um livro de peso, quer em número de páginas, que são seiscentas e
dezasseis, quer em conteúdo. Este é um romance imperdível… …
P.S. Nota: livro impróprio para quem sofre de
Síndrome de Stendhal. Demasiado belo!
Ana
Margarida Simões, 12º LH
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