A vida a dimensões celulares
A história de uma célula
“Tudo começa com uma única
célula”. Palavras de Bill Bryson em Breve
história de quase tudo, num capítulo dedicado a estes pequenos organismos.
Mas isso levanta uma questão a nós pluricelulares: como é possível, visto a
quantidade e variedade de células que nos constituem?
De uma única célula
formam-se duas, por divisão, dessas duas, quatro, depois dezasseis e assim
sucessivamente até que, ao fim de quarenta e sete divisões há, segundo Margulis
e Sagan, dez mil trilhões de células. Esta quantidade de células é suficiente
para constituir um corpo humano.
Cada uma destas células, com
um período médio de vida de um mês, sabe exatamente o que tem de fazer, desde
preservar e proteger o corpo a alimentá-lo, fazer-nos sentir e pensar. Para
além de tudo isto, as células contêm uma cópia completa do nosso ADN. Parecem
conhecer-nos melhor que nós próprios.
Apesar do seu curto tamanho,
apenas vinte micrometros, estes seres são constituídos por milhões de outras
estruturas, que nos ajudam a perceber a imensa diversidade e atividade
bioquímica dentro de nós. Estas pequenas estruturas estão repletas de densas e
movimentadas interações, comandadas por um sistema muito organizado.
Dentro de qualquer célula
existem, em média, mil mitocôndrias. Estes “seres”, quase autónomos, são os
responsáveis por uma constante palpitação de energia elétrica. Conseguem-na a
partir do oxigénio e dos nutrientes que captam e transformam em ATP, a molécula
responsável pela armazenação e libertação de energia na célula.
Esta energia precisa de ser
renovada de dois em dois minutos. É utilizada na transmissão de
informações, através de atrações e repulsões, assim como no combate contra
organismos inimigos (vírus, bactérias desconhecidas...).
Fig. 1 - Observação microscópica da epiderme da cebola |
As células podem morrer a
defender-nos. Mas, se não receberem a informação de que têm de permanecer
vivas, matam-se automaticamente. Este processo de morte celular, ou apoptose,
ocorre todos os segundos.
No entanto, as células não
controlam o impulso irresistível que têm de continuar a existir. Este impulso é
devido ao ADN, uma molécula especial que não faz nada de especial, na maioria
das vezes, mas que nos permite continuar a existir.
Como é isto possível? Esta é
uma das muitas curiosidades que podes descobrir ao leres este livro.
Os descobrimentos celulares
A ciência é uma constante
descoberta, e a descoberta da célula, tal como muitos outros estudos, foi
trabalhoso e cheio de reviravoltas . Comecemos por Robert Hooke que, por volta
de 1665, foi a primeira pessoa a descrever uma célula. Fê-lo através da
observação de plantas e cortiça nos seus microscópios muito avançados para a
época – conseguia ampliar a imagem até 30 vezes.
Seguiu-se Leeuwenhoek que,
com dispositivos manuais muito simples, conseguiu observar células ampliadas
275 vezes. Foi enviando quase duzentos relatórios à Royal Society que,
por sua vez, os motivou também ao estudo.
Entretanto, começaram a
aparecer falsas descobertas, talvez devido à falta de recursos tecnológicos ou
a fontes de informação pouco coerentes. Mas foquemo-nos nas principais e
verdadeiras: a descoberta das bactérias por Leeuwenhoek em 1683 e a primeira
vez que o núcleo celular foi observado, em 1831 por Robert Brown. No ano de
1839, Theodor Schwann afirmou que toda a matéria viva é constituída por
células. No entanto, só em 1860, devido a experiências de Louis Pasteur, foi
possível concluir que a vida surge de células preexistentes, sendo enunciada a Teoria
Celular - a base da biologia moderna.
Referências bibliográficas
Bryson, B. (2010). Breve história de quase tudo. Lisboa:
Bertrand Editora.
Santos, H. S. (s/d). Teoria endossimbiótica. Disponível em http://biologianet.uol.com.br/evolucao/teoria-endossimbiotica.htm
Aleixo, M. S. (s/d) Mitocôndrias. Disponível em https://www.infoescola.com/citologia/mitocondrias/
Nucleos medical media.
(2015, março 18). Biology: Cell
Structure. Disponível em https://youtu.be/URUJD5NEXC8
Oliveira, L. (2018). Observação
microscópica da epiderme da cebola.
Agradecimento especial à
professora Luísa Rosado por ter clarificado algumas dúvidas no decorrer da
leitura e da análise do livro.
Joana
Pessoa, João Vicente, Laura de Oliveira e Leandro Ferreira
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