Do perigo à vida
Nos
anos 1960, Bob Christiansen, enquanto estudava o historial vulcânico do Parque
Nacional de Yellowstone ficou intrigado com o facto de não encontrar uma
estrutura vulcânica responsável pela atividade secundária registrada naquele
local. Sobretudo, não conseguia encontrar a caldeira.
Figura 1- Old Faithful, Parque Nacional de Yellowstone |
Quando se fala em atividade vulcânica
associa-se a uma estrutura cónica, mas existem algumas exceções cuja atividade
é tão explosiva que faz com que o cone vulcânico rebente formando uma enorme
caldeira. Yellowstone pertencia ao segundo tipo referido anteriormente.
Há
cerca de dois milhões de anos atrás, uma grande explosão originou uma cratera
com mais de 65 quilómetros de diâmetro que, atualmente, só pode ser observada
através de fotografias aéreas de Yellowstone – uma caldeira com 9000
quilómetros quadrados.
Este vulcão situa-se numa zona de crosta
continental mais fina, originado por uma super pluma que deu origem a um ponto
quente. Neste existe uma câmara de magma com cerca de 90 quilómetros de
diâmetro e 13 quilómetros de espessura, e
que é responsável por toda a atividade vulcânica de Yellowstone.
Estas super plumas são finas, até cima e
alargando-se ao chegar à superfície, o que cria criando bolsas gigantes de
magmas instáveis. Por vezes, este tipo de plumas rebenta de forma explosiva
propagando-se lenta e continuamente.
Os tremores de terra são frequentes e a
atividade secundária é flagrante, no entanto, como a última erupção foi há 630
mil anos, não se consegue prever a próxima atividade, dado que esta pode
acontecer a qualquer momento.
Os biólogos Thomas e Louise Brock, durante uma
visita de estudo ao Parque Nacional de Yellowstone no verão, extraíram uma
amostra de espuma castanho-amarelada de um lado de Emerald Pool – uma nascente
termal - com o intuito de encontrar vida. Para sua surpresa, este exemplar
estava cheio de micróbios vivos. Foram encontrados os primeiros extremófilos do
mundo, seres vivos capazes de sobreviver em águas extremamente quentes, ácidas
e ricas em enxofre (sulfurosas). Nesta amostra existiam dois tipos de seres
vivos, Sulpholobus acidocaldarius e o Thermophilus aquaticus.
Passados 20 anos, Kary B. Mullis, enquanto
estudava a espécie Thermophilus aquaticus descobriu que as enzimas resistentes
a temperaturas tão elevadas podiam ser utilizadas para criar uma reação em
cadeia polimerase (PCR), que possibilita produzir uma grande quantidade de ADN.
Mullis descobriu que estes micróbios podem ser utilizados por cientistas como
uma espécie de “fotocópia genética” que serve de base a toda a ciência genética
subsequente, como por exemplo para estudos académicos e investigação criminal.
Sabias que, em Yellowstone, apesar da sua
intensa atividade vulcânica secundária,
existem micróbios resistentes a altas temperaturas?
Ana Filipa, Beatriz Moleiro, Carolina Menezo, Pedro Garcia e Tiago Reis
Referências Bibliográficas
Peaco,
J. (fotógrafo) (2006). Aerial view of Old
Faithful Geyser and Old Faithful Lodge (fotografia). Disponível em:
https://www.nps.gov/media/photo/view.htm?id=9BB04074-1DD8-B71B-0BAAF521D972C71B
Bumgardner,
S. (2017). InDepth: waters of Yellowstone
(vídeo). Disponível em:
https://www.nps.gov/media/video/view.htm?id=60296BCB-1DD8-B71B-0B408272EA3BB1D7
Bryson
B. (2009). Breve História de quase tudo
(12.ª ed). Lisboa: Bertrand Editora.
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