Viver, voar e correr

Se eu soubesse que, voando, alcançava o que eu desejo, então eu voava, voava e nunca mais parava. Voava para ser feliz, voava para ter paz, voava para tornar real tudo o que antes era simplesmente um sonho. Mas eu não voo, eu apenas corro.

Correr é mais difícil, mais cansativo, mais lento. Só existem obstáculos que, por vezes, parecem impossíveis de ultrapassar ou de contornar. Não há descanso e todos os meus objetivos parecem pequenos pontos de luz no fim de um longo túnel. No entanto, também é verdade que nunca corro só. Tenho sempre alguém a meu lado que me apoia, que me dá energia, que me ajuda a respirar quando estou ofegante.

Voar é, certamente, mais fácil, mais prático e muito mais rápido. Os obstáculos são poucos e simples. O ponto de chegada não é um futuro incerto. Mas, com esta imensa rapidez, será que aproveito algo durante a viagem? Quando se voa, voa-se sobre tudo e todos. Pessoas interessantes, lições de vida, paisagens magníficas passam despercebidas. Não se aprecia a viagem… Não se aprecia a vida…

Pensando melhor, talvez correr, apesar de muito trabalhoso e fatigante, não seja assim tão mau. Enfrento quedas constantes que me ferem de quando em quando. Contudo, eu levanto-me e aprendo com essas mesmas quedas. Os meus objetivos estão mais longe, mas isso não me impede de atingi-los. A jornada é mais vagarosa, porém mais intrigante. Tudo é percetível, incluindo os pequenos prazeres da vida.

Se eu soubesse que, voando, alcançava o que eu desejo, então corria, corria e desfrutava a vida.

 

Maria Rodrigues

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