Penso em mim e ti
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Penso em mim e ti, quando as coisas entre nós
simplesmente aconteciam, em que falávamos sobre tudo e nada ao mesmo tempo como
se não fosse preciso muito mais. Também, verdade seja dita, naquela altura
realmente não era preciso muito mais, tudo era de certa forma mais simples. As
conversas fluíam sem parar e o tempo passava sem que nos déssemos conta. Era
como se estivéssemos em sintonia mesmo sem dizer uma palavra, bastava um olhar
teu e era como se eu tivesse uma resposta para algo que eu nem sabia que tinha
perguntado. E isso nunca mudaria, certo? Afinal, apesar de tudo, conheço-te a
ti e tu conheces-me a mim.
Penso em mim e ti e em como, aos poucos, tudo começou
a desaparecer sem que fosse preciso dizer muito, ao contrário do que costumava
acontecer. Não houve uma discussão nem uma grande despedida, só pequenas
mudanças que começaram dentro de mim e de ti. Mudámos sem perceber e o que
antes era fácil e natural começou a parecer forçado. Já não procurávamos as
mesmas coisas; se é para ser sincera, já nem sequer nos procurávamos numa
multidão. Mas isto iria resolver-se, certo? Afinal, apesar de tudo, ainda te
conheço a ti e tu ainda me conheces a mim.
Penso em mim e ti, olho para o fim do
corredor e percebo que, para mim, apesar de todos os esforços, meus e teus, já
não és diferente de nenhum dos desconhecidos sentados no banco ao teu lado.
Afinal, apesar de tudo, agora já não te conheço a ti nem tu me conheces a mim.
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