Já não se vive a inocência
O tempo. Aquilo que não para e que, por vezes, deveria. Ou não. “Quanto
mais rápido isto passar, melhor!”, como ouvimos e dizemos muitas vezes. Mas o
tempo, aconteça o que acontecer, ignora porque o tempo será sempre apenas isso,
apenas tempo: uniforme, certo e intocável. Com ele vêm, no entanto, mudanças e,
à medida que a Terra gira em torno de si mesma e completa voltas na periferia
do Sol, a vida das pessoas que passam na Terra vai acontecendo. As coisas e as
pessoas que se conheciam há 50 anos já não são as mesmas, já não pensam da
mesma maneira e já nem sequer sentem da mesma forma. Onde estão os filhos das
crianças que há 50 anos brincavam pelas ruas das suas aldeias? Ninguém os vê, ninguém
sabe.
Nos últimos anos temos vindo a assistir a uma mudança na vida das
pessoas, em termos gerais. Muitas delas abandonam a sua zona de conforto no seu
ambiente rural, onde podem ter nascido e crescido, para começar uma vida nova
noutro sítio, numa cidade onde o caos encontrou casa e a paz não se conhece. As
crianças que vivem nestes ambientes não têm tanta liberdade e espaço para
fazerem aquilo que uma criança deve, efetivamente, fazer: brincar na Natureza.
Os espaços verdes são, por vezes, escassos e a insegurança é um fator
preocupante para qualquer pai e mãe, o que faz esta família procurar outras
formas de divertir e instruir o seu filho.
E que caminhos se escolhem? Ora, muitas vezes, a solução, para certos
pais, passa por entregar ao filho um instrumento eletrónico que o mantenha
ocupado e calado durante um tempo. Isto leva-me a questionar: “Que mundo é
este? Que mundo é este em que os próprios pais se esquecem que outrora foram
crianças e que, enquanto crianças, tinham necessidades e essas necessidades
nunca foram de um telemóvel ou de um tablet?
Que mundo é este que se esquece de dar aos adultos do futuro o que eles
precisam no presente?”
Pensemos nos adultos que seríamos agora se não tivéssemos tido a
liberdade de brincar ao ar livre enquanto crianças. Provavelmente, não seríamos
pessoas tão capazes nem tão aptas para lidar com as dificuldades da vida.
Pensemos nisto. E depois decidamos que tipo de pais e mães queremos ser.
Mariana Pina Camarneiro
(12.º CT3)
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