Pobres coitados


Já não vemos crianças a brincar ao ar livre. Quem diria que a sociedade e os seus valores mudariam tanto ao longo dos anos.

Eu pertenço a uma das últimas gerações que ainda soube o que era brincar na terra e respirar o ar fresco matinal. Que saudade de encontrar-me com os meus amigos para jogar à bola! Que saudade de correr atrás dos cães e de os imitar! Que saudade de simplesmente acordar cedo para escavar um buraco no fundo do quintal na esperança de encontrar um tesouro.

Porém, há quem não tenha esta saudade. Cada vez mais me apercebo da falta de crianças nas ruas e nos largos. Pobres coitados, não sabem o que perdem. 

Esta nova geração trocou as brincadeiras ao ar livre por brincadeiras eletrónicas, pelas “playstations”, pelos computadores, por um mundo virtual. Pobres coitados, não sabem como se prejudicam. Ao passarem os dias “ligados” ao computador, perdem a capacidade de agir uns com os outros. Isto reflete-se muito nas suas maneiras sociais e no modo como agem em público: ora estão calados e encostados a um canto, ora berram e falam como se tivessem o mundo a seus pés. Pobres coitados, não sabem o que é viver. Abdicam de um dos maiores prazeres da vida para passarem o dia trancados no quarto. 

Esta geração não vai saber o que era chegar a casa com os joelhos esfolados, depois de jogar à bola, nem vai saber a felicidade que isso nos trazia. Não sabem o que é brincar ao ar livre, não sabem a felicidade que isso nos traz, não sabem o que é fazer construções na areia, na terra e passar horas no mundo do “faz de conta”.

Já não vemos crianças nas ruas e muito menos nos largos. Pobres coitados…
Eduardo Rodrigues
(12.º CT3)

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