Antecedentes da Primeira Guerra Mundial

Recordar a Primeira grande Guerra


A Primeira Grande Guerra (1914-18) originou a morte a milhões de pessoas na Europa, e, fez com que houvesse uma alteração muito grande nas correlações de força entre os países industrializados.
Assim, os três fatores mais importantes que originaram a Primeira Guerra Mundial são: a Política Imperialista sobre as áreas de colonização, o Revanchismo Francês e a Questão Balcânica. Contudo, os dois últimos motivos apenas podem ser compreendidos no contexto da expansão capitalista, logo a Primeira Guerra foi na realidade uma guerra imperialista que envolveu os grandes interesses de potências industrializadas.



O IMPERIALISMO

No período que ocorreu entre 1871 e 1914 aconteceu na Europa uma grande procura e até mesmo uma corrida ao armamento realizada entre as muitas potências económicas colonialistas. Assim, esta corrida ao armamento ficou conhecida como Paz Armada. Os conflitos na Ásia e África, em que o objetivo era a expansão dos impérios coloniais foram assim o grande estímulo à indústria de armamento.

Esse procedimento deveu-se ao progresso do capitalismo monopolista e do neocolonialismo, que caracterizam o imperialismo. As grandes potências industriais tomaram a política expansionista para garantir o domínio sobre os mercados afro-asiáticos, a partir da conceção de que o desenvolvimento industrial da cada nação apenas seria possível na medida se houvesse o controlo sobre grandes mercados. Essa mentalidade imperialista originou o militarismo, mas, também uma maior exaltação nacionalista.

Além disso, foram concretizadas políticas de alianças entre as nações imperialistas. Das principais, citam-se a Tríplice Aliança, constituída pelo Império Alemão, pelo Império Austro-Húngaro e pela Itália, sendo que esta última ficou neutra no início da I Guerra Mundial, e a Tríplice Entente, compondo a aliança Inglaterra, França e Rússia. Os interesses semelhantes da Tríplice Entente contra a Tríplice Aliança eram os seguintes: a França sustentava um ressentimento contra a Alemanha pela derrota na Guerra Franco-Prussiana que lhe valeu a rica região de Alsácia-Lorena; a Rússia estava contra o Império Austro-húngaro na região dos Balcãs.

O NACIONALISMO

Na verdade, o nacionalismo acabou por se desenvolver de forma desigual nos países imperialistas, devido às condições anteriores ao imperialismo. Normalmente a Alemanha é considerada como a maior expressão de nacionalismo, na verdade, graças muito mais aos desdobramentos que essa mentalidade teve durante a Segunda guerra, do que pela sua real importância no final do século XIX. 

Relativamente à Itália o sentimento nacionalista encontrou-se nas duas grandes revoluções do século XIX ( em 1830 e 1848) e novamente no processo de unificação. 

No que diz respeito à França, o nacionalismo foi bem observado na Revolução Francesa, exteriorizado principalmente na ideia de “fraternidade". 

Até nos EUA, onde não existe o nacionalismo clássico, ele encontrou seu equivalente na Teoria do Destino Manifesto, de origem calvinista, que ajudou a justificar a ideológica para o expansionismo ao longo do século XIX e para a constituição da sua política intervencionista conhecida por "Big Stick".

O REVANCHISMO

O revanchismo francês cresceu após a humilhação de 1871, quando da proclamação do II Reich Alemão no Palácio de Versalhes. Nas casas e escolas as crianças francesas foram educadas e ensinadas a elogiar o patriotismo e a aceitar o sacrifício pelo seu país. Na realidade, esse revanchismo ( a palavra tem sentido negativo) não deixa de ser uma demostração nacionalista ( palavra que normalmente tem sentido positivo) que aumentou ao mesmo tempo em que as estruturas políticas do país se tornaram mais liberais, garantindo uma maior participação, despertando o senso crítico e a noção de cidadania, portanto situação contrária vivida pela Alemanha, onde o nacionalismo seguiu a orientação de um estado centralizado e forte.

A QUESTÃO BALCÂNICA

A partir do final do século XIX, com o declínio do Império Turco e o processo de independência dos povos da região balcânica, esse território tornou-se apetecível e alvo de muitos interesses. A Áustria queria alargar sua influência sobre a região e começar um processo de expansão. A mesma política foi desenvolvida pelos russos, que utilizaram o argumento "pan-eslavista", e tinham ainda os interesses particulares à própria região, em especial o dos sérvios, que pretendiam construir a "Grande Sérvia".

Assim, outro foco de conflitos que desembocaria na I Guerra Mundial foi a Questão Balcânica. A região localizada entre os mares Negro e Adriático era formada por povos de várias etnias e dominada pelo enfraquecido Império Turco. Essa região era alvo de disputas entre as duas alianças por ser ponto estratégico para as rotas de escoamento de mercadorias que as potências europeias pretendiam construir, como a construção de uma ferrovia pelos alemães, que ligaria seu país ao Oriente Médio, fonte de várias matérias-primas. Foi na região balcânica que houve também os conflitos nacionalistas que levaram ao assassinato do arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro.




Assim, depois deste acontecimento, a Alemanha atacou de imediato a Sérvia e entra instantaneamente o complexo funcionamento do sistema de alianças: a Rússia apoia a Sérvia, logo, a Alemanha declara guerra à Rússia e à França, sua aliada. Para poder atacar a França invade a Bélgica (país neutral), o que faz com que a Inglaterra declare guerra à Alemanha. Estávamos pois, perante o começo da Primeira Grande Guerra Mundial.


Paulo Sá

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