“O Amante Japonês” de Isabel Allende
a ler...
Isabel Allende, escritora chilena conhecida por diversos
livros de sucesso mundial, presenteou, em 2015, o seu público com “O Amante
Japonês”, uma história fascinante que joga com a geografia e a História,
transportando-nos para épocas e lugares diferentes, ainda que longe da magia da
“Casa dos Espíritos”, ou de “Eva Luna”. De qualquer forma, a autora mantém-se
uma contadora exímia que se aventura no domínio dos amores interditos.
Após a morte do marido, Alma, uma judia polaca octogenária,
vai instalar-se numa residência para idosos, perto de San Francisco, onde vai
simpatizar com uma jovem enfermeira Moldava, Irina, que também tinha um passado
particularmente doloroso. Apesar de diferentes origens e da diferença etária,
as duas mulheres vão descobrir fortes afinidades. A proximidade entre as duas permite
que o jovem Seth, neto de Alma, se aproxime de Irina, e vão procurar descobrir
a identidade do remetente das cartas que Alma recebe semanalmente. Assim se
cria a oportunidade de ouvir a narração de uma história de amor incomum entre
Alma e Ichimei, um refugiado judeu e jardineiro japonês, que fora seu
companheiro de infância. São múltiplas as personagens protagonistas de diversas
intrigas que se cruzam e nos prendem até às últimas páginas.
É Uma história de amor que vai além dos preconceitos
religiosos, sociais e raciais, uma evocação comovente de factos históricos na
América, dos quais raramente ouvimos falar, como a deportação de
nipo-americanos durante a Segunda Guerra Mundial. A evocação da comunidade
judaica americana através do testemunho de Alma está muito bem feito também.
Enfim, um amor condenado e frustrado, mas resistente.
Mais do que uma história romântica e comovente - Aliás, são
duas as histórias de amor, pois Irina e Seth também vão viver a sua - é um
livro de cujo enredo brotam temas polémicos e atuais: a velhice, a eutanásia, a
memória, a homossexualidade, a intolerância e o racismo, a pedofilia, sem que
se perca a unidade e a clareza.
Leonilde
Rodrigues
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