“A desumanização”, de Valter Hugo Mãe

... a ler


Neste livro é-nos contada a história de duas irmãs gémeas – Sigridur e Halldora (mais conhecida por Halla) – que viviam numa zona isolada dos gélidos fiordes islandeses. Um dia, Sigridur fica muito doente, acabando por morrer. Na cultura daquela zona, quando uma irmã gémea morria, a outra irmã que restava passava a ter a responsabilidade de cumprir os sonhos da falecida – o que significava que passasse a ser considerada a “irmã menos morta” já que a sua identidade própria se acabaria por desvanecer.



Ao longo do livro, Halla vai relatando a situação após a morte da irmã, desde o surto psicótico da mãe (que se mutilava, vivendo numa aura de masoquismo constante) à inesgotável capacidade de sonhar do pai (que, mesmo após a perda de uma das filhas, não deixa de querer viver momentos felizes – usando, para esse efeito, a essência das palavras, como se estas fossem a sua tábua de salvação e, ao mesmo tempo, pudessem trazer Sigridur de volta à vida). Ao mesmo tempo, vai refletindo sobre a morte, a maternidade e a humanidade das pessoas com quem (con)vivia, chegando à conclusão que “a humanidade começa nos que te rodeiam, e não necessariamente em ti”.

Todo o livro é um jogo de metáforas e sinestesias que, combinadas de uma forma harmoniosa, nos permitem sentir na pele o frio dos fiordes e, simultaneamente, as emoções de Halldora (desde as mais simples às mais profundas). Ao ler este livro, senti-me transportada para um outro mundo, onde o desconhecido é divinizado de uma forma um tanto bizarra, sendo essa estranha divindade o guia dos costumes da comunidade onde Halla se insere – comunidade essa que se deixa manipular facilmente por doces palavras, contentando-se com elas para combater o sentimento de incerteza quanto ao desconhecido ao qual chamam “a boca de deus” (ou apenas “deus”).

Recomendo este livro a todos aqueles que gostam de sentir aquilo que lêem… atrevam-se a ler e garanto-vos que não se arrependerão!

Diana Cruz, 12ºLH2 

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