Revisitando..."Eu sou mulher"



REVISITANDO MÁXIMAS OUVIDAS


De autoria comunitária ou de autoria conhecida (ou nem tanto), há máximas que vão marcando a existência do ser humano português através do tempo, mas adaptando-se a (sempre) novas circunstâncias. Revisitá-las sob a perspetiva do século XXI é um desafio.


                               
O que é ser mulher?

Ser mulher é ser violada, agredida, assediada, injuriada, desrespeitada e não ter justiça. Ser mulher é ser oprimida, subestimada, inferiorizada, ignorada, é ter uma voz e não ser ouvida. Ser mulher é vestir o que os outros acham apropriado, é dizer aquilo que os outros querem ouvir, é obedecer a um conjunto de regras com as quais não se concorda, é existir, mas não ser ninguém. Ser mulher é obedecer a um homem, é ser analfabeta, comprada, trocada, é satisfazer os desejos do nosso dono, é ser um mero peão num jogo de xadrez.

Para muitos isto será um exagero, um devaneio de uma feminista; mas para muitas isto é a realidade, é o pesadelo do qual nunca acordam.

A mulher lutou e luta por todos. Movimentos dos direitos civis dos negros? A mulher estava lá. Luta pelos direitos dos homossexuais? A mulher estava lá. Direitos dos animais? A mulher estava lá. A mulher esteve presente em todos os momentos decisivos da história, seja num papel principal ou atrás das cortinas. Nós lutamos por todos e apesar de ainda haver muita luta pela frente, chegou a altura de perguntar: Quem luta por nós? Quem é que luta connosco? Desmond Tutu disse: “ Se ficas neutro em situações de injustiça, escolheste o lado do opressor.”

Eu não quero ser desprezada, gozada, insultada por ter opiniões, por ter uma voz. Não quero ser ignorada, agredida, violada, assediada. Não quero obedecer a um homem, não quero vestir o que os outros querem que eu vista. Se não quero isto para mim porque que hei de deixar que aconteça a outras mulheres? Seguindo as palavras de Maya Angelou, “Sou feminista. Já sou mulher há algum tempo. Seria estúpido não estar do meu próprio lado.”

Ser mulher vem com muitos obstáculos, mas foi assim que nasci. Agora só me resta lutar por aquilo que é meu e de todas as mulheres por direito: igualdade e justiça. Faço minhas as palavras de Audre Lorde: “Não sou livre enquanto todas as mulheres não forem livres, mesmo quando as algemas delas são diferentes das minhas.”

Concluindo: eu ainda não sou Mulher, pois ainda tenho muito para viver, mas sei que tipo de Mulher quero ser. Quando se é criada por uma mulher forte, que não recebe ordens de ninguém, que sabe dizer não, que não deixa que ninguém a faça de menos, que não age segundo o que outra pessoa quer, que luta todos os dias para que as suas filhas tenham mais e melhor do que ela teve, cresce-se a saber o que a vida custa a uma mulher, mas também se cresce a saber a pessoa, ou melhor, a mulher que se quer ser. Eu quero ser uma mulher da qual a minha mãe se orgulhe, pois, se eu tiver metade da força dela, conquistarei o mundo.

Rute Lima, 12.º  LH2

Comentários

Mensagens populares