Criar laços
... a ler
“Nazarenas e Matrioskas” é o título de um livro que reúne
crónicas e pequenas histórias de Margarida Rebelo Pinto, publicadas no Jornal
de Notícias.
Autora de um conjunto considerável de obras traduzidas em
várias línguas, esta escritora portuguesa, cujo primeiro livro, publicado em
1998 – Sei lá! – foi um sucesso
editorial, dedica-se também ao teatro e ao cinema.
Em “Nazarenas e Matrioskas”, Margarida Rebelo Pinto
apresenta-nos uma grande variedade de personagens e situações, em pequenos
relatos ou reflexões. Analisa sentimentos, comportamentos, problemas reais, mas
tantas vezes invisíveis. Percebemos que o mundo é um lugar tão grande e
diverso, onde cabem tantas diferenças, tantas formas de viver e sentir.
As histórias contadas de forma breve, quase sempre na
primeira pessoa, o que as torna mais pessoais e sentidas, e as muitas reflexões
que fazem parte do livro centram-se fundamentalmente na complexidade e riqueza
das relações humanas e nas questões
eternas que sempre angustiaram o ser
humano, porque o limitam: a morte e o fluir inevitável do tempo, que tudo leva.
No entanto, e apesar da diversidade de personagens em
interação e de sentimentos vivenciados, é o amor, nas suas múltiplas vertentes
que marca presença em grande parte das histórias contadas. Surge como abrigo,
combate à solidão terrível, capaz de destruir uma existência; resiste ao tempo,
dura uma vida inteira, ou, pelo contrário, pode acabar e recomeçar, ainda mais
forte. A mensagem a transmitir talvez seja exatamente essa: no mundo feito de
tanta diversidade, no qual vivemos, precisamos de criar afetos e laços. A
amizade e o amor são condições essenciais para o nosso bem-estar. Daí
certamente estas palavras, retiradas de uma das histórias: “ Um homem pode
tornar-se um monstro, se não amar”.
São muitas outras as palavras que ficam connosco, depois de
acabar a leitura deste livro. Algumas histórias serão um pouco enigmáticas, é
certo, mas outras são de uma grande beleza e sensibilidade, não só pela verdade
humana que encerram e nos faz refletir, como também pela leveza da linguagem. E
é muito bom ler um livro, quando ele deixa um pouco dessa beleza dentro de nós
e também quando, por algum tempo, algumas das suas palavras ecoam nos recantos
da nossa memória afetiva.
Maria Bita, 12.º LH1
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