Saudade de um sorriso


Sorriso... Quando soube que ia ser este o tema do meu texto, confesso ter ficado um pouco aliviada. Temas como “braços” e “pão” já tinham sido a sorte grande de alguns alunos. Por isso, quando soube que este seria o meu, pensei: “uau, tive sorte!”. Mas agora percebo que não. Estou aqui a matutar há tanto tempo e continuo sem saber como é que hei de explicar o que é o sorriso, o que ele significa, que sentimentos desperta.

Sempre ouvi dizer que “o sorriso é a porta de entrada para a alma” e não posso estar mais de acordo. Quando sorrimos, estamos a deixar as nossas emoções “vir ao de cima”, estamos a expor-nos, a expor quem somos e o que sentimos. Normalmente, associamos sorriso a “emoções boas”: alegria, satisfação, agrado... No entanto, um sorriso pode significar timidez, nervosismo ou tristeza. Quantas vezes é que já sorriram para não chorar? Sim, como se não bastasse tudo o que ele transmite, é também uma defesa do nosso corpo.

Percebem onde quero chegar? Um sorriso pode significar tudo e mais alguma coisa. Não dá para fazer uma frase a explicar o que é. Quer dizer, dar dá, mas nunca iria estar completa. Mas não faz mal, não é preciso pôr em palavras. Nós sabemos o que sentimos cada vez que sorrimos, seja um sorriso tímido, um sorriso alegre ou um sorriso “só porque sim”; nós sabemos o que sentimos cada vez que alguém nos sorri; nós sabemos o poder que um sorriso pode ter, principalmente naqueles dias em que estamos em baixo e um sorriso “estou aqui para ti” é o suficiente para nos levantar, para nos lembrar que não estamos sozinhos. Se pensarmos bem, é como se fosse uma espécie de muleta. É engraçado como um pequeno movimento pode ter tanta importância.

Sinto falta deste apoio. Sinto falta dos sorrisos. Com tudo o que se tem passado este ano, estamos mesmo a precisar da sua força. A tarefa torna-se, contudo, um pouco difícil quando temos de usar uma máscara a tapar mais de metade da cara, permitindo apenas ver olhos e testa. Claro que as pessoas continuam a sorrir por detrás da máscara, mas ver as rugazinhas a formarem-se no canto dos olhos não é suficiente.

Os únicos sorrisos que ainda conseguimos ver são os da nossa família. Por isso, para terminar, deixo-vos um pequeno conselho: aproveitem-nos.


P.S.: Sinto que, quando finalmente tudo isto acabar e eu puder tirar a máscara, vou andar por todo o lado a sorrir como uma tola, até os maxilares doerem e já não aguentar mais.   

Matilde Catarino, 11.º CT3

Texto produzido na disciplina de Português, sob a orientação do professor Paulo Melo. 

 


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