Um tempo que não para

 Dou por mim a pensar como seria controlar o tempo. Como seria conseguir voltar atrás e viver tudo de novo; dizer tudo o que não tive tempo para dizer; mudar o que tinha de ser mudado. Talvez o tempo não queira isso. Talvez ele nos queira ver rir e chorar apenas naquele presente e que deixemos o passado para trás. E só de pensar que alguns se queixam de o tempo não passar…

Passamos a nossa vida a querer que os dias passem. Mas será que, no nosso último suspiro, acharemos que o tempo foi bom para nós? Ainda não sei bem, mas também ainda quero muito tempo para descobrir.

No fim de cada dia, pensamos que ainda temos muito tempo, enquanto outros se queixam de estar cá há demasiado. No entanto, como facto comum, temos a certeza de que, um dia, essa espera acabará e não teremos de lidar mais com os efeitos do tempo, restando-nos apenas a memória de um passado que já não volta.

Até lá, todos os dias vemos um nascer do sol novo, uma rotina louca, para uns, ou apenas um existir para outros. Vemos o tempo passar-nos pelos dedos, sem parar, como numa clepsidra. Parece que foge de nós, fazendo-nos todos os dias correr atrás dele na tentativa de finalmente termos um tempo só para nós.

E enquanto esse momento não chega, temos ainda o pôr-do-sol e mil e um pensamentos de como será o amanhã. Temos memórias do ontem ou do antes de ontem. E mesmo quando já nos lembrarmos de pouco, nunca nos esqueceremos que, durante a vida, o tempo foi o único que nunca nos abandonou, mesmo que sempre um passo à frente.

Júlia Oliveira, 11.º LH2  

Texto produzido na disciplina de Português, sob a orientação do professor Paulo Melo.    

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