saber, para bem viver
[a propósito da relação entre alimentação e sucesso escolar]
Todos reconhecemos o contributo de uma alimentação
equilibrada para o bem-estar físico, intelectual e social, pelo que, a
crescente consciencialização da sua importância pode trazer benefícios para
toda a comunidade.
Uma alimentação equilibrada é fundamental. |
De uma alimentação equilibrada fazem parte alimentos
variados e na quantidade adequada às necessidades do organismo. Assim, na dieta
diária, não devem constar apenas os diversos tipos de nutrientes, mas estes
devem estar presentes nas quantidades adequadas às necessidades individuais,
tendo em conta a idade, o sexo, a profissão, etc.
Comer de tudo um pouco e várias vezes ao longo do dia é um
dos princípios básicos de uma alimentação equilibrada.
Os profissionais de saúde relembram-nos constantemente a
importância que o pequeno-almoço, a primeira refeição do dia, tem para uma
alimentação equilibrada. No entanto, quantas são as vezes que saímos de casa
sem que o tenhamos tomado. Alegamos que “não temos tempo”, “que acordamos
enjoados, sem apetite”, qualquer desculpa nos serve para o evitarmos…
O pequeno-almoço tem uma importância crucial, pois deve
cumprir dois objetivos fundamentais: por um lado, “compensar” o organismo
obrigado a horas seguidas de jejum prolongado (noite), por outro, disponibilizar
a energia necessária para uma manhã de atividade. A não ingestão do
pequeno-almoço, qualquer que seja a razão (dieta, falta de hábito, pressa
matinal) provoca hipoglicémia (baixa do açúcar do sangue) de que resultam
diversos sinais e sintomas. À queda dos níveis de açúcar, o organismo reage com
suores, cansaço, perda de força, visão turva, confusão mental, cefaleias,
irritabilidade, alterações do humor, enjoos, vómitos, tremores, problemas da
articulação da fala, dificuldade dos movimentos, desmaios, entre outros.
Quem não toma o pequeno-almoço, está a forçar o organismo a
jejuar durante quase dois terços do dia. Este erro leva a outro: a ingestão, durante
a manhã, de alimentos calóricos, muito ricos em açúcares e/ou gorduras, sem
interesse nutricional. Também, quando chega a hora de almoço, sente-se muita fome
e é-se menos racional na escolha da ementa e das doses. Além disso, o organismo,
habituado a muitas horas sem ingerir quaisquer alimentos, arranja estratégias de
defesa e apressa-se a armazenar todas as calorias para fazer face ao previsível
jejum que se segue, caindo por terra o cumprimento do objetivo daqueles que não
tomam o pequeno-almoço com o intuito de emagrecer. Este tipo de práticas
predispõe, ainda, o organismo para a obesidade e a diabetes.
Não há dúvida que o pequeno-almoço é importante para todos,
mas nas crianças e jovens tem uma importância particular. Os estudos revelam
que, além de permitir um normal desenvolvimento físico e intelectual, está também
diretamente relacionado com o seu sucesso escolar.
São muitos os estudos que evidenciam uma estreita relação
entre a alimentação e a função cerebral, associada à memória. Estes demonstram que
a função cerebral é sensível a variações de curto prazo na disponibilidade de
nutrientes, principalmente em crianças e adolescentes. Assim, quando sujeitas a
um mesmo teste, as crianças sem pequeno-almoço efetuaram mais erros e tiveram
maiores dificuldades de concentração do que aquelas que tinham tomado uma
primeira refeição equilibrada. Os estudantes em jejum, ou insuficientemente alimentados,
pela manhã, mostraram-se desatentos e agitados, ou sonolentos e fracos,
diminuindo drasticamente a sua aprendizagem. Estudos semelhantes sobre a
relação entre a função cognitiva e o pequeno-almoço em crianças/jovens em idade
escolar sugerem, ainda, que a hora e o momento da refeição podem ser determinantes.
Os alunos que tomaram o pequeno-almoço meia hora antes de um teste tiveram
melhores classificações do que aqueles que o tomaram duas horas antes. Assim,
embora todos tenham tomado o pequeno-almoço, alguns já estavam em jejum há mais
tempo e começaram a evidenciar a desregulação da sua função cognitiva.
Ignorar a primeira refeição do dia pode implicar desatenções
e até acidentes. Esse efeito é ainda mais acentuado nas crianças e adolescentes,
por estarem numa fase de desenvolvimento físico e intelectual. Redução da
capacidade de atenção e de aprendizagem, assim como falta de interesse pela
própria escola, são algumas das consequências da falta da alimentação matinal. A
longo prazo, a obesidade e a diabetes pode ser o preço a pagar por não se dar o
devido valor ao pequeno-almoço!
O pequeno-almoço deve fornecer ao organismo 25-30% das
calorias diárias e, embora não haja uma receita ideal, deve ser variado, e,
dele devem constar os seguintes alimentos:
leite ou iogurte;
pão ou cereais;
fruta fresca (1 peça) ou sumo natural.
Mas, se queremos incutir nas crianças e adolescentes/jovens
o hábito de tomar o pequeno-almoço, há que dar o exemplo, e, nada melhor, do que
os pais para o fazer.
Um pequeno almoço com energia aumenta a rentabilidade. |
Não esqueça, tome o pequeno-almoço e tenha um dia “muito
positivo”, com muita energia e rentabilidade!
Amélia Ribeiro e Teresa Machado (Projeto PES).
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