aprendendo de poetas...

... sobre Abril e as promessas


    José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos (Zeca Afonso, como era conhecido) viveu entre 1929 e 1987.
    Sempre muito interventivo como compositor e cantor, viveu de forma particularmente intensa o antes e o depois, as promessas, a mudança… no Portugal (também) do 25 de Abril de 1974. A música foi a maneira fácil e subtil de fazer chegar os seus ideais a mais pessoas e em menos tempo.
    Antes de 1974, os poemas de José Afonso evidenciavam, fundamentalmente, a revolta e a vontade de mudar o seu país para melhor. São poemas de intervenção e denúncia de situações levadas a cabo por um regime que abominava. Em " Cantar Alentejano”, denuncia o assassinato de Catarina Eufémia, pelas mãos do tenente Carrajola, da Guarda Nacional Republicana, e, em “A morte saiu à rua”, versa sobre o assassinato, pela PIDE, do ativista político e artista plástico José Dias Coelho.
   As suas músicas são, ainda, um impulso mobilizador e agitador, próprio de quem se recusa a desistir e que defende que “devemos lutar onde exista opressão, seja a que nível for”. Esse apelo está bastante marcado nas letras de canções como “O Que Faz Falta”, “Canta Moço”, “Vou ser como a Toupeira” e “Venham mais Cinco”.
   Do amplo leque dos seus poemas, destaco “Vampiros”. A mensagem deste poema, lamentavelmente, continua atual e apela à insubmissão, à luta social, à emancipação. Hoje, tal como na altura defendeu Zeca Afonso, continua a ser preciso enfrentá-los, eles que “comem tudo e não deixam nada”.   
    A situação então vivida tornou-se impossível de continuar e a revolução saiu à rua. E como memória disso ficou, talvez o poema mais importante do cantor, “Grândola Vila Morena”, um dos seus poemas musicados mais emblemáticos, que foi a segunda senha de sinalização para a Revolução dos Cravos.
    Porque a Poesia e a Cantiga também são armas. Com elas, as palavras também são luta.

Leonor Albuquerque, 10.ºCT3





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