Leonardo Da Vinci - a anacronia de um génio maiúsculo
Pouco conhecimento faz
com que as pessoas se sintam orgulhosas.
Muito conhecimento, que se sintam
humildes.
É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para
o Céu,
enquanto as cheias as baixam par a terra, sua mãe.
(Leonardo Da Vinci)
Nós,
alunos de Humanidades, somos constantemente bombardeados
com nomes e mais nomes - muitos nomes! Dos inesquecíveis (como Napoleão
Bonaparte ou Adolph Hitler) aos quase impronunciáveis (lembro-me, por exemplo,
de um Otto von Bismarck), é infindável a lista de nomes que vamos construindo
mentalmente, associando-os aos seus contributos para o nosso mundo. Da política
à ciência, da economia à arte ou à religião, existiram Homens extraordinários
que jamais poderão cair no esquecimento.
É
compreensível que, nos quase trinta séculos de História por que (mais ligeira
ou mais aprofundadamente) passamos nas aulas, não haja lugar para todos. E
mesmo na lista mental dos sortudos que hoje são estudados por milhares de
alunos existem nomes escritos em tamanho 28, a vermelho, realçados
ainda a negrito ou com sublinhados
e outros há que aparecem, num ápice, por entre as páginas do manual escolar, como
se o seu papel na História tivesse sido minúsculo. Sim,
minúsculo. De entre as minúsculas personagens que os manuais nos apresentam,
não podia deixar de destacar uma que, na sua absurda ''minusculidade'', me
parece um Homem grandioso, brilhante, extraordinário. Refiro-me a Leonardo da
Vinci, o renascentista que, se alguma vez tivesse sido Rei, poderia sem dúvida
ser dono do cognome ''O Eclético''.
Fig. 1 - Autorretrato |
Da Vinci nasceu em 1452, em
Itália. Era filho ilegítimo e foi educado no atelier do pintor Verrochio.
Trabalhou nalgumas das maiores cidades italianas, mas foi em França que veio a
falecer, em 1519. Eclético porque mais do que um famoso pintor (não nos
esqueçamos dos quadros ''Mona Lisa'' e ''A última ceia''), deixou-nos ainda
inúmeros escritos, bem como engenhosas ideias anatómicas, científicas e outras
pequenas invenções - afinal, são dele vanguardistas desenhos de possíveis
máquinas voadoras, quando o primeiro avião foi criado somente no início do
século XX.
Fig. 2 - Pintura ''Mona Lisa'', de Da Vinci |
No manual de História,
Leonardo da Vinci é apresentado em três linhas minúsculas e um retrato de
pequenas dimensões. Mais abaixo, é, ironicamente, descrito como ''talvez um dos
mais brilhantes homens do Renascimento europeu''. São boas notícias, claro, mas
o génio de Da Vinci continua ainda circunscrito quer em tempo (Renascimento)
quer em espaço (Europa). E mesmo o seu brilhantismo é posto em causa, através
da palavra ''talvez''. É, de facto, irónico que isto aconteça, quando os
horrendos ditadores como Hitler, Mussolini e Estaline, bem como as suas
políticas, ocupam páginas e páginas do mesmo livro.
Este artigo, que pretendia
valorizar a vida e a obra deste Homem fora do seu tempo, acabou por se tornar
sobretudo uma reflexão acerca dos nomes da nossa História e da subjetiva
importância que lhes atribuímos. Para ler uma biografia mais completa,
consulte aqui.
Como aluna, parece-me absurdo
que quase se ignorarem Homens como DaVinci (vanguardistas, ''self-made-men'',
génios anacrónicos que souberam pensar ''out of the box'' e tiveram ideias
marcantes e inovadoras), enquanto aos errantes do passado continuamos a dar uma
importância desmesurada e insustentável, ainda que tal nos faça reflectir sobre
os horrorosos acontecimentos da nossa História, que não queremos que se
repitam. Se uns pintam a História de forma muito negra, outros dão-lhe cor, luz
e fazem-na renascer… A esses, o nosso brinde!
Ana
Margarida Simões, 12ºLH
Referência bibliográfica
Leonardo da Vinci. (s/d). Biography. Disponível em:
http://www.leonardodavinci.net/leonardo-da-vinci-biography.jsp
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