... a propósito do dia mundial da poesia
Porque
a poesia é a linguagem dos deuses; porque a poesia é a primeira forma de
linguagem que conhecemos e com que comunicamos; porque a poesia tem sempre uma
palavra adequada para os nossos dias, aqui se apresenta uma compilação
(jogralada) de rimas e parlendas infantis (da região de Cantanhede).
RIMAS E
PARLENDAS INFANTIS
Salta a pulga na balança
E o piolho na tripança
Para a filha do juiz
Que é bonita sem nariz
E os cavalos a correr
E as meninas a aprender
Qual será a mais bonita
Que se
vai es-con-der?
À ronda, à ronda
Quem quiser que se esconda
A E
I O U
Quem
fica és tu
Eu?! E depois?
Morreram as vacas
E ficaram os bois.
E então que lhe havemos de fazer?
Virar as costas e deixar bater.
Bater as horas?
Não!
Então… que horas são?
Falta dez réis
Para meio tostão
E uma sardinha
Para um quarteirão.
Olha o burrinho
Como sabe a lição!
Rei, capitão,
Soldado, ladrão,
Menina bonita
Do meu coração.
Joaninha aboa, aboa
Que o teu pai foi p’ra Lisboa
C’uma faca de sabão
P’ra matar o capitão
Era um e dois
Eram dois e três
Eram três amantes
P’ra matar a rês
Depois d’ ela morta
Contaram vinte e três.
Una, duna
Tena, catona
Cigarra, navarra
Catrapus, catrapés,
Conta bem que são dez.
A galinha da papoila
Põe os ovos na caçoila
Lá põe um,
Lá põe dois,
Lá põe três,
Lá põe quatro,
Lá põe cinco
Lá põe seis
Lá põe sete
Lá põe oito
Arrecada o teu biscoito!
A minha boneca
É mesmo um primor
Tem cabelos louros
Rosto encantador.
A minha boneca
Se me vou vestir
Olha p’ra mim
Parece sorrir.
A minha boneca
Tem um certo olhar,
Às vezes parece
Que me quer falar
A minha boneca
É um não sei quê
Às vezes parece
Que entende o que vê
A minha boneca
Às vezes é má
Mas outra boneca
Tão linda não há!
No alto daquela torre
Está um pardal pardo a palrar.
Por que palras pardal pardo?
Eu palro e palrarei
Porque sou o pardal pardo
Palrador de el-rei.
Pelo mar abaixo
Vai uma formiga
Com uma mão na testa
E outra na barriga.
A carriça
Diz a missa;
O tuinho
Deita o vinho;
O cartaxo
Bota abaixo
E o pardal
Muda o missal.
Era uma vez
Um rei e um bispo,
Saco de palha,
Não sei mais que isto.
Era uma vez
Um bispo e um rei,
Saco de palha,
Mais que isto não sei.
E era uma vez
Um gato maltês
Tocava piano
E falava francês
Tinha uma criada
Chamada Inês
E o número da porta
Era o trinta e três.
À uma, eu nasci
Ás duas me baptizei
Às três, pedi namoro
E às quatro me casei
Às cinco, uma dor,
Às seis, uma aflição
Às sete, veio o doutor
E às oito, no caixão
Às nove, ia a caminho
Às dez, do cemitério
Às onze, já na cova
E às doze, lá no céu
Béu, béu
Sem chapéu
Se for novo,
Trá-lo cá
Se for velho,
Deixa-o lá.
Xuá… xuá
À morte
Ninguém escapa
Nem o Rei
Nem o Papa,
Mas escapo eu:
Compro uma panela,
Que custe um vintém,
Meto-me dentro dela
E tapo-me muito bem.
Então, passa a Morte e diz:
Truz, truz!
Quem está aí?
Aqui? Aqui não está ninguém.
Adeus, meus senhores,
Passem muito bem.
Vitória, vitória
Acabou-se a história!
Compilação e composição: Paulo Correia de Melo
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