… a ciência também é cultura
Comemora-se, a 29 de
maio, o Dia Internacional de Energia. Foi criado para sensibilizar e motivar as
pessoas e, em particular, os líderes mundiais, para a necessidade de poupança
de energia e para a promoção das energias renováveis, substituindo de vez as “velhas”
energias fósseis.
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Fig.1 – Ecologia e
energia, uma relação cada vez mais necessária
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Joule, caloria,
frigoria, eletrão-volt: várias unidades de medição, apenas um referente:
energia. O que é energia? Como se cria energia? Como aproveitar a energia?
Todas estas questões já nos passaram na cabeça.Definir energia não é
algo trivial, aliás, é algo extremamente complexo. Cientificamente, e de acordo
com a Wikipedia, energia “refere-se a uma das duas grandezas físicas
necessárias à correta descrição do inter-relacionamento entre dois entes ou
sistemas físicos”. No senso comum, designa-se energia como algo indispensável
para realizar uma ação. Etimologicamente, a palavra energia deriva do grego
εργος (ergos) que significa trabalho, por isso é uma associação parcialmente
correta. Deslocar um objeto é transmitir energia.Não se cria nem de
destrói energia. Existe hoje tanta energia como existia no instante
imediatamente a seguir ao Big Bang.
Esta é uma das grandes leis que rege a Física e a Química – a Lei da
Conservação da Energia. O Universo, o “espaço onde tudo existe”, tendo em conta
o conhecimento da atualidade, é um sistema isolado, isto é, não é possível transferir
energia nem matéria para outro sistema. Por isso, e como não é possível
destruir energia, a energia conserva-se.Parece um bocado
descabido afirmar tal coisa, que não se cria nem se destrói energia. Então, por
exemplo, porque é que tenho de me alimentar todos os dias se a energia não se
destrói? É uma pergunta interessante. O que a Lei da Conservação da Energia
acrescenta sobre este facto é que a energia transforma-se, havendo por isso
vários tipos de energia e vários processos de transformação de energia.Existem cinco tipos
de energia: potencial, cinética, mecânica, radiante e a “massa”. Sim, massa.
Começando por este último tipo de energia (e tentando explicar da forma mais
simples possível), a energia e a massa são intercambiáveis, isto é, pode-se
transformar energia em massa e vice-versa. Este é um dos postulados da famosa
lei da relatividade de Einstein e dos seus estudos.
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Fig.2 – A famosa
equação de Einstein
Energia radiante é a
energia “pura”, ou seja, a energia associada à radiação eletromagnética: a
energia solar é energia radiante; à radiação do micro-ondas está associada
energia radiante. Energia potencial é a
energia que um objeto possui em consequência da sua posição relativa em relação
ao um sistema. Imagine-se uma pessoa a agarrar uma bola a uma certa altura em
relação ao chão. Esta tem “armazenada” uma certa energia potencial. Quando a
pessoa larga a bola, esta, naturalmente, cai. Desde o instante imediatamente
posterior ao largar a bola que a energia potencial se está a transformar em
energia cinética, o outro tipo de energia que, de forma simples, está associada
à velocidade de uma partícula, micro e macroscópica.
Fig.3 – Esquema sobre
energia potencial elástica
Energia mecânica é a
soma de toda a energia cinética e potencial de uma partícula ou de um sistema de
partículas.Sobre os vários
processos de transferência de energia, são eles três: radiação, trabalho e
calor. Qualquer corpo a uma temperatura diferente do zero absoluto (-273,15ºC)
emite radiação e energia. Trabalho trata-se do processo de transferência de
energia associado à deslocação de uma massa. Calor está relacionado à
transferência de energia entre corpos devido à sua diferença de temperatura.No meio destas
explicações parece que ficou esquecido o verdadeiro propósito deste artigo:
alertar as pessoas para os perigos associados ao desperdício energético. Depois
do que foi anteriormente dito, podia dizer-se que como a energia não se
destrói, não há perigo. O problema é que a energia propriamente útil ao ser
humano e às suas atividades está a diminuir, com o uso desenfreado dos
combustíveis fósseis, o pouco desenvolvimento tecnológico de modo a melhorar o
rendimento de uma máquina e à “não-aposta” em combustíveis “limpos”, como o
hidrogénio.Pequenas, mas
coletivas ações levam a grandes feitos. Devemos estar conscientes de certos
atos rotineiros que podemos modificar para prolongar a estadia futura da
espécie humana e da restante vida no planeta Terra (e já parece um cliché falar
disto, mas parece que a espécie humana é surda e cega): desligar as sempre que
uma divisão está vazia, nem que seja por um minuto, substituir as lâmpadas
incandescentes pelas economizadoras, desligar da corrente elétrica os aparelhos
elétricos dispensáveis (televisões, leitores de DVD, …), reduzir o tempo de
abertura do frigorífico e das arcas frigoríficas, preferir um duche rápido a um
banho de imersão, preferir os programas económicos das máquinas de lavar loiça
e roupa, entre muitas outras medidas.
Nós, os únicos seres
responsáveis por todos os problemas ambientais, os únicos seres “racionais”
(entre aspas porque as ações nas últimas décadas têm demonstrado o contrário)
da Terra, os únicos seres capazes de inverter a situação (por enquanto), temos
de mudar as nossas ações, nem que seja pelo nosso próprio bem!
Afonso
Marques, 12º CT3
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