a propósito de poetas...


... do século XX, impõe-se lembrar Ary dos Santos.


Caminharemos de olhos deslumbrados 
E braços estendidos 
E nos lábios incertos levaremos 
O gosto a sol e a sangue dos sentidos.


Muito do que escreveu revela a coragem com que ousou dar voz a um povo que não podia tê-la.
Na opinião de José Jorge Letria, "foi um homem do excesso e da transgressão, um poeta que esteve presente nas canções, na publicidade, na política, que escrevia para revistas, mas, acima de tudo, um grande poeta que usou as palavras de modo único e inimitável".
E, na verdade, a singularidade das suas palavras revela-se em poemas como "Desfolhada" ou "Tourada" (este, cuja interpretação de Fernando Tordo tão bem traduz a ironia e as farpas veladas).



Mas Ary também versou sobre o Amor, com igual singularidade e beleza. Lembramos o bonito poema "Estrela da Tarde", numa recente versão cantada por Ana Bacalhau.





Ler textos escritos por outros autores (como o "Sermão de Santo António aos peixes", de António Vieira), ou dizer os que ele próprio escrevia era algo que fazia com prazer. Palavras-alma de uma voz que contribuiu para "As portas que Abril abriu".




José Carlos Ary dos Santos faleceu a 18 de janeiro de 1984.

LCM

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