a insustentável leveza dos ideais
a propósito do dia 21 de maio [dia internacional para o desenvolvimento cultural]
Pascal, físico, matemático e filósofo francês do século
XVII, refere na sua obra, Pensamentos, que o homem não é senão um “roseau" pensante. O homem reconhece-se como o mais frágil, mais desamparado de todos os
animais mas, é a consciência dessa fragilidade que o impele a superar as suas
limitações. O homem compensa a sua debilidade com a capacidade de produzir
cultura e através da cultura ele procura superar os seus limites, traçando objetivos
que o levam a inventar o futuro.
A cultura é um
conjunto de manifestações materiais e imateriais que refletem a especificidade
de um grupo de indivíduos na sua maneira de sentir, pensar e agir. Ela engloba
o saber, as crenças, os valores, a moral, as leis e os costumes e todas as
capacidades do ser humano adquiridas no decurso da sua socialização.
O homem como
produtor/produto de cultura procura, a partir das suas ações, realiza-se numa
exigência de perfeição e de autonomia. Ele é por natureza um ser cultural que
herda um passado que atua sobre ele e o condiciona, mas projecta-se para um
futuro, influenciando a construção de um presente. Ele cria assim, novas
possibilidades, transformando o mundo, humanizando-o e humanizando-se a si
mesmo e, neste processo, vai contribuindo para uma mudança e evolução cultural
que recebe as influências exercidas por outras culturas.
Estamos na era da
globalização e as formas de comunicação interculturais assumem um papel
preponderante na atualidade. O contacto e o intercâmbio cultural entre diversas
sociedades deve permitir que estas sejam mais abertas, mais solidárias entre
si, receptivas à diferença, condenando o etnocentrismo, o genocídio, o racismo
e a xenofobia.
Diz-nos Jean-Pierre
Changeux,
O progresso das nossas sociedades, se se quiser aceitar o
termo, será função duma “partilha das oportunidades” com que cada cultura se
depara no seu desenvolvimento histórico.
Essa evolução
alargar-se-á pela admissão de novos parceiros e por uma diversificação interna:
ela será o fermento do desenvolvimento histórico da humanidade futura. A partir
de agora, não se trata mais de viver ao lado uns dos outros, em comunidades
distintas e impenetráveis. Bem pelo contrário, é necessário que, no seio duma
sociedade comum, se estabeleçam novos contactos que assegurem confrontações,
intercâmbios, novas sínteses, em suma, que sejam fonte de vitalidade e de
inovação. (Changeaux, 1999, p. 29)
Referências bibliográficas:
Changeux, J. (1999). Uma Mesma Ética Para Todos? Lisboa: Instituto
Piaget, p.29.
Comentários
Enviar um comentário