saber, para bem viver

dia 13 de maio [dia mundial do melanoma]

 
Pele, radiação UV e melanoma
 
Considerado o órgão de maior área do nosso corpo, a pele estabelece a fronteira entre o interior, onde deve reinar o equilíbrio, ainda que dinâmico, e o exterior, que nos proporciona algumas das condições fundamentais, para que esse equilíbrio seja atingido.
Na pele localizam-se importantes glândulas, sudoríparas e sebáceas cujas secreções contribuem para controlar a temperatura corporal (glândulas sudoríparas) e a hidratação cutânea (glândulas sebáceas). A pele íntegra e as respetivas glândulas são fundamentais na construção de um mecanismo de barreira integrado na imunidade não específica (proteção do organismo contra agentes patogénicos externos).
É também na pele que se localiza um lípido (gordura) – ergosterol, que pode ser convertido em vitamina D por ação da radiação solar. Esta vitamina, é fundamental na absorção do cálcio a nível do intestino e na sua deposição ao nível dos ossos, o que contribui para o seu fortalecimento.
Na pele – figura 1, localizam-se também células produtoras de melanina (pigmento de cor escura) – melanócitos, cuja produção é fundamental para nos proteger da radiação UV (ultra violeta), sejam os UVA ou os UVB. A quantidade de melanócitos existentes na pele não difere significativamente de pessoa para pessoa.
 
Figura 1
Contudo, nas pessoas de pele mais escura a produção de melanina é superior à que se verifica nas que têm pele mais clara. Estas adaptações estão associadas à latitude. Em países de menor latitude onde a radiação solar é mais intensa, as populações originais apresentam pele mais escura, já as populações originárias de países de maior latitude, apresentam normalmente pele mais clara. Daqui se conclui que, o modo de proteção relativa aos raios UV, difere muito de indivíduo para indivíduo, razão que nos deve levar a refletir sobre a atitude diferente que cada um deve assumir, quando apanha sol.
Sendo um órgão que contacta sistematicamente com meio, a pele está sujeita às mais variadas agressões, razão pela qual a devemos proteger de forma conveniente. Quando apanhamos sol, os melanócitos são estimulados a produzir melanina. Em resultado dessa produção a pele torna-se mais escura, dizemos que fica bronzeada. Porém, se apanharmos sol em demasia, em vez de um bronzeado, podemos apanhar um “escaldão”. Em resultado da interação da radiação UV, (radiação considerada mutagénica) com os melanócitos, ou com outras células da pele, podem resultar danos no seu DNA (informação genética) que, pode ter como consequência uma desregulação nos mecanismo de divisão celular. Assim, estas células, que se encontram programadas geneticamente para se dividirem com determinada frequência, podem passar a dividir-se mais vezes originando agregados celulares – tumores, cujas células danificadas podem continuar no seu local de produção ou migrar, através do sistema circulatório, para outros locais onde se podem vir a desenvolver novos tumores. Quando os tumores são malignos denominam-se cancros e o processo de disseminação através do sistema circulatório é designado por metastização. Melanoma é a designação atribuída ao cancro que resulta da desregulação da divisão dos melanócitos.
O melanoma é o tipo de cancro da pele mais grave. Em Portugal surgem, anualmente, cerca de 700 novos casos de melanoma maligno.
Nos países ocidentais, todos os anos o melanoma tem aumentado.
As consequências da ação do sol e de outros fatores sobre a pele, está bem patente quando, em pessoas de meia idade, se compara a pele de áreas mais expostas com outras que, só excecionalmente o são – figura 2.          
 
Figura 2
É notório o envelhecimento da pele em áreas mais expostas, sobretudo ao sol. Por outras palavras, apesar da exposição solar ser muito benéfica, em excesso, pode tornar-se prejudicial.
Que cuidados devemos então ter, para podermos usufruir dos benefícios do sol sem que sejamos vítimas dos danos que o mesmo nos pode causar?
 
 
Malefícios do sol
 
As alterações que ocorrem na pele pela exposição ao sol são, além do bronzeado e queimadura já referidos: sardas, reações de fotossensibilidade, imunossupressão, etc. Quanto maior for a exposição solar ao longo da nossa vida, maior é a propensão para o aparecimento de manchas, rugas, perda de elasticidade e envelhecimento da pele. As alterações mais graves são as que se relacionam com o aparecimento de cancros da pele: carcinoma basocelular e espinocelular e melanoma, entre outros. De todos estes tipos de cancro o mais mortífero é o melanoma, contudo, todos são curáveis desde que identificados numa fase precoce do seu desenvolvimento. Por essa razão, é muito importante a vigilância regular de sinais que apareçam na pele mesmo na que se encontra coberta por pelos e cabelos.
 
Cuidados com o sol
 
Independentemente da idade e da cor, todos precisamos de nos proteger do sol. Contudo, os bebés, crianças pequenas, pessoas com pele branca, olhos claros, cabelo vermelho, sardas, pele muito sensível ao calor, ou portadoras de determinadas patologias cutâneas, devem redobrar essa proteção. Para nos protegermos do sol devemos ter em conta que:
- não se deve apanhar sol entre as 10 e as 16h quando a radiação solar é intensa;
- nesta altura do dia devemos procurar lugares com sombra;
- devemos usar roupa escura capaz de absorver a radiação UV e dessa forma evitar que a mesma atinja a pele;
- em alternativa devemos usar vestuário de malha apertada capaz de proporcionar idêntica proteção;
- devemos usar sempre protetor solar quando realizamos atividades ao sol, mesmo não estando na praia. Este, deve ter um fator de proteção ajustado em função das características da pele e da idade de cada um. Em crianças o factor de proteção deve ser 30 ou mais. Deve ser aplicado 15 a 30 minutos antes da exposição solar e reaplicado quando se transpira ou nada, ou pelo menos de 2 em 2 horas. Deve prestar-se particular atenção à proteção das mãos, ombros, orelhas, pescoço, nariz, pés, lábios e a área em volta dos olhos. Deve evitar-se o contato com os olhos e pálpebras. Os protetores solares não devem ser aplicados em bebés com menos de 6 meses.
Figura 3
 
- o protetor solar deve também ser usado em dias quentes de céu nublado já que as nuvens não nos protegem das radiações UV pelo que, mesmo sem sol, podemos ser atingidos por elas ou mesmo sofrer queimaduras graves;
- quanto maior a altitude mais intensa é a radiação ultravioleta razão pela qual devemos ter cuidado quando nos encontramos nesses locais;
- a água, areia e neve são altamente reflexivas e por essa razão a radiação alcança a pele mesmo na sombra;
- devemos ter muito cuidado com a neve em dias de sol;
- devemos usar óculos de sol com proteção UV e chapéu de abas lagas que possa proteger a face e o pescoço. No caso de usar boné deve ser de pala larga que deve ser ficar virada para a frente.

 Julieta Marques, Projeto PES

Comentários

Mensagens populares