Há sempre alguém que resiste



Há sempre alguém que semeia/
Canções no vento que passa
Manuel Alegre, in Trova do Vento que Passa

O sonho comanda a vida e é o combustível que a alimenta. Quem não sonha vive triste ou triste vida tem, por não saber ou não querer sonhar.

Deixar de sonhar, deixar de acreditar num ideal próprio e submeter-se a “ideais-feitos” apenas nos torna escravos dos tiranos do pensamento, que procuram oprimir a liberdade de pensamento, sobretudo se este for diferente, por conveniência intelectual, política, religiosa, etc.

Mas, felizmente, há sempre quem resista, quem não se deixe dominar, porque ainda “Não há machado que corte / A raiz ao pensamento / Porque é livre como o vento (...)”. E este, seu fiel amigo - real ou metafórico - mesmo em tempo de opressão, confidente de dias escuros, lá estará para o ouvir, ao pensamento, e para levar as ideias-canções a quem as quiser / souber ouvir / entender.

É que um sonho ou uma ideia, mesmo sob opressão, pode mover o mundo. Senão, vejamos Copérnico, que corajosamente colocou o sol no centro do sistema solar, subtraindo de lá a Terra e a vontade de “muitos”; ou os “Poetas de abril” que, mesmo sabendo-se um alvo permanente, continuaram a espalhar as suas “canções” ao vento, sonhando um futuro novo, sem recear pela própria vida.

Talvez devêssemos olhar para nós, cada vez mais conscientes do poder do nosso pensamento e valorizá-lo mais do que qualquer equipamento eletrónico, por exemplo. Porque cada um de nós pode ser sempre esse “(...) alguém que semeia / Canções no vento que passa”.

Pedro Carriço, 12.º CT3

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