saber, para bem viver
dia 1 de dezembro [dia mundial do combate à SIDA]
O
que é a SIDA?
A SIDA
é uma doença provocada por um retrovírus de ARN que, para se manter ativo,
precisa de se alojar nas células. O vírus da imunodeficiência humana (VIH) aloja-se
nos linfócitos T CD4, células do sistema imunitário (sistema de defesa do
organismo). Estas células sanguíneas são responsáveis pela defesa contra
infeções e algumas células cancerígenas.
Ao
instalarem-se nos linfócitos, os vírus reproduzem-se de forma assustadora
originando novos vírus que invadem novas células (cada vírus pode produzir, por
dia, milhões de novos vírus).
Numa
fase inicial de contágio, o organismo reage tentando eliminar os vírus. Esta
fase de luta interna contra os vírus passa normalmente despercebida às pessoas
que foram infetadas e tem um tempo de duração muito variável (meses ou anos).
Nesta fase, só é possível identificar os vírus em circulação, através de
análise sanguínea específica. Quando o resultado da análise é positivo, o
indivíduo portador do vírus é considerado seropositivo para esse vírus.
Caso
os vírus “vençam a batalha” o organismo fica muito debilitado por não poder
“contar” com este tipo de linfócitos para se defender. Nestas condições, caso
entrem no organismo agentes causadores de infeções (bactérias, outros vírus,
fungos, etc), o organismo não tem como reagir contra eles e podem então
instalar-se infeções graves (como, por exemplo, tuberculose) que podem conduzir
à morte. Também as células cancerígenas, que a cada momento se podem formar no
nosso organismo, como não são atempadamente destruídas pelo sistema imunitário,
acabam por poder evoluir para alguns tipos de cancro que podem ser fatais.
Estas
doenças, cuja instalação foi possível graças à debilidade do sistema imunitário
provocada pelos vírus, são consideradas doenças oportunistas sendo os seus
portadores considerados doentes com SIDA.
Uma
pessoa infetada apresenta vírus em todos os fluidos orgânicos: leite materno, sangue,
linfa, exsudados e corrimentos vaginais (no caso da mulher), esperma (no caso
do homem), saliva, fezes, vomitados, etc..
Como
se transmite?
De
acordo com o conhecimento atual, apesar de os vírus se encontrarem em todos os
fluidos orgânicos de um indivíduo infetado, apenas o sangue, corrimentos e
exsudados vaginais, esperma e leite materno são responsáveis pela transmissão
da infeção.
O
vírus, para se manter ativo, tem que ter acesso e entrar na corrente sanguínea,
precisando das células para se poder reproduzir, razão pela qual as invade. Quando
no exterior das células e do corpo, o vírus morre rapidamente, em poucas horas.
Quais as formas de contágio?
O
contacto com sangue infetado e com objetos que tenham estado em contacto com
esse sangue, agulhas, tesouras, giletes, máquinas de barbear e outros
utensílios cortantes, quando infetados e posteriormente usados por outros
indivíduos, podem contribuir para a propagação do vírus.
Quando
se tem relações sexuais com pessoas infetadas e não se usa preservativo de
forma correta, existe risco de transmissão. Durante
a gravidez através da placenta, durante o parto e, posteriormente, durante a
amamentação, existe risco de transmissão de uma mãe infetada para o seu bebé.
Como
evitar a propagação do vírus?
O
sangue, usado em transfusões sanguíneas ou na produção de derivados usados no
tratamento de várias doenças, tem de ser sujeito ao rastreio do vírus, antes da
sua utilização. São procedimentos seguros nos países desenvolvidos.
Sempre
que for necessário tratar de cortes que envolvam sangue, devem ser usadas luvas
descartáveis. Nunca contactar diretamente com sangue de outra pessoa. Estas
medidas são medidas universais e devem ser realizadas independentemente de se
conhecer ou não o estado de saúde do acidentado. Assim, se forem sempre
cumpridas, não haverá risco.
Em
caso de derrame de sangue ou vomitado, deve ser vertida lixívia sobre esses
materiais. Posteriormente, deve colocar-se papel absorvente e, quando tiver
sido efetuada a absorção dos líquidos, todo o material deve ser colocado em
dois sacos de plástico que são posteriormente fechados e colocados no contentor
geral. O espaço onde ocorreu o derrame deve ser lavado com uma solução diluída
de lixivia. Estes procedimentos continuam a ser considerados os mais eficazes
na destruição dos vírus.
Objetos
cortantes que possam ter estado em contacto com sangue contaminado, não devem
ser partilhados, nem mesmo entre os membros da mesma família.Em serviços de
manicure, pedicure e barbearia, os utensílios cortantes suscetíveis de ferir a
pele, devem ser descartáveis. O ideal será cada pessoa, ao recorrer a esse tipo
de serviços, ser portadora dos seus utensílios pessoais.
As
agulhas, e todos os utensílios cortantes que tenham estado em contacto com
sangue, quando deixam de ter condições para poderem ser usados, devem ser
colocados num recipiente de plástico duro (tipo garrafa de água ou
refrigerante) que deve ser posteriormente fechado. Através deste procedimento,
pretende-se evitar que estes utensílios possam vir a ferir e eventualmente
contaminar outras pessoas.
Dada
a facilidade de transmissão do vírus através dos fluidos genitais, sempre que
existirem relações sexuais (anais, vaginais ou orais), deve ser usado
preservativo, particularmente no caso de o parceiro ou parceira serem
portadores do vírus.
Quanto
maior for o número de parceiros sexuais, maiores serão as hipóteses de
transmissão do vírus. Por essa razão, será de toda a conveniência repensar esse
tipo de comportamentos.
A
existência de pequenas lacerações, úlceras ou feridas na mucosa vaginal, peniana
ou rectal, agravam bastante a possibilidade de infeção pela via sexual. O risco
será também maior durante o período menstrual, pelo contacto direto com sangue
infetado.
Antes
de se engravidar, deve ser feito o teste do VIH. Se por qualquer razão tal
teste não foi feito nessa altura, deverá efetuar-se durante a gravidez. No caso
de o teste ser positivo, existe medicação que a grávida pode tomar que reduz em
mais de 90% a hipótese de contágio do bebé. O parto será geralmente por cesariana,
embora possam existir excepções, e a mãe não deverá amamentar. Nascem crianças
infectadas por VIH em todos os países, filhos de mães que, geralmente não
sabendo que eram portadores do vírus, infetaram os seus filhos durante a
gravidez.
A
grande traição desta doença estabelece-se assim em três planos:
Pode contrair-se sem que se tenha
conhecimento
Pode existir sem que se sinta
Pode transmitir-se
Existem
países onde começa a ser alarmante a incidência de SIDA nas camadas mais jovens
(12, 13 anos), relacionada com o início precoce de atividade sexual, envolvimento
com múltiplos parceiros e associada ao consumo de drogas e álcool.
O
que fazer quando se suspeita de eventual contágio?
Em
caso de contacto de risco com sangue (sangue com sangue, sangue com mucosas), de
violação, de contacto sexual sem proteção com pessoas cujo estado de saúde se
desconhece, deve recorrer-se a um Centro Hospitalar e relatar o sucedido.
Existe medicação que pode ser tomada até 72 horas após o contacto com fluidos
infetados que permitem a destruição dos vírus em mais de 90% dos casos. Caso o
tempo de possível contágio seja superior a 72 horas, deve esperar-se um mês e,
nessa altura, fazer-se o teste de rastreio. Caso o teste seja negativo, deve
repetir-se três meses após o eventual contágio. No caso de o teste continuar a
ser negativo, a análise deve voltar a ser feita seis meses após a situação de
risco. Se se mantiver negativa, é porque não houve contágio. Caso seja positiva,
inicia-se o seguimento em consulta da especialidade.
Qual a situação atual da SIDA em Portugal?
Ao
longo dos anos, a descoberta de novos tratamentos possibilita que, na
atualidade, a infeção por VIH (SIDA) seja uma doença crónica que permite aos
portadores do vírus terem uma longevidade igual à que teriam, caso não fossem
infetados. Contudo, tal só poderá acontecer se houver assiduidade às consultas
e cumprimento escrupuloso da terapêutica, por forma a não surgirem resistências
à medicação. Estes medicamentos diminuem
a capacidade de multiplicação dos vírus (medicamentos anti-retrovirais) e,
dessa forma, diminuem a carga vírica dos portadores. Assim, é possível evitar o
aparecimento de doenças oportunistas. Por essa razão, a palavra SIDA associada
à ideia de doenças oportunistas, deixa de fazer sentido uma vez que os portadores
do vírus, desde que identificados e devidamente tratados, não indiciam qualquer
aparência que faça suspeitar que são seropositivos.
Para
refletir…
Atualmente,
a terapêutica anti-retrovírica é gratuita para o doente e de distribuição exclusivamente
hospitalar. Um doente sob terapêutica, pode tomar um esquema farmacológico com
um valor a partir de cerca de 400 a 500 euros mensais. Contudo, tendo em conta
as características do doente e o seu historial clínico e terapêutico,
nomeadamente o aparecimento de resistências à terapêutica, este valor poderá
ser substancialmente superior. Por outro
lado, existem outros fármacos que são necessários no caso de diagnóstico de
doenças oportunistas ou concomitantes. Em situação de internamento, são
fornecidos gratuitamente ao doente. Em ambulatório, estes são comparticipados
parcialmente pelo Estado.
Face
a esta realidade podem colocar-se algumas questões…
Atendendo
à situação económica que o país atravessa, será que vai continuar a ser
possível comparticipação a 100% destes medicamentos?
Caso
essa situação se altere, quantas pessoas deixarão de ter condições para custear
o seu tratamento?
Num
país em que tanto se reclama da elevadíssima sobrecarga de impostos que cada
cidadão tem de pagar, será que não se deveria fazer um investimento maior na
prevenção da doença, que pode ser de facto prevenida, para diminuir o peso
económico da mesma?
Sabendo nós que…
- a
principal via de transmissão continua a ser o contacto sexual,
- a
desinibição sexual e as relações sexuais desprotegidas estão frequentemente
associadas ao consumo excessivo de álcool e drogas,
-
não é possível identificar um portador de infecção por VIH pela sua aparência,
- mas
a troca frequente de parceiros é recorrente na sociedade atual,
O que nos reserva o futuro em relação a esta
doença?
Será
que estamos a agir como uma espécie que se diz ser racional?
A Equipa do Projeto de
Educação para a Saúde
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