A ler…
A coisa mais preciosa que temos
Este mês, por
sugestão da professora Madalena Toscano, decidi ler um livro relacionado com a
Ciência (penso que o vou fazer mais vezes): A
coisa mais preciosa que temos, de Carlos Fiolhais.
Fig.1 – Capa do livro |
Carlos Fiolhais é um
respeitado nome da Física portuguesa. Licenciado em Física pela Universidade
Coimbra, é doutorado em Física Teórica, pela Universidade de Goethe, Frankfurt.
É autor de textos e de livros escolares, que abrangem desde o 8º ao 12º ano.
Este livro aborda a
problemática da Ciência: o trabalho do cientista, as diferenças entre a Ciência
e as outras atividades humanas, o modo de criar Ciência, o ensino e divulgação
da mesma na Europa e, mais concretamente, em Portugal, entre outros temas.
Estando dividido em sete capítulos, Carlos Fiolhais aborda no mesmo temas pertinentes
como a situação atual portuguesa face ao investimento e desenvolvimento
científico e tecnológico, em oposição ao resto da “Europa evoluída”. O conteúdo
literário desta obra resulta da seleção de artigos escritos pelo autor e
publicados no jornal O Primeiro de
Janeiro. De forma simples e acessível à maioria dos leitores, o autor
esclarece muitas das dúvidas que temos sobre a Ciência.
Após a leitura cuidada e refletida deste livro, apercebi-me de alguns pormenores interessantes, sendo a maioria relacionados com contextos históricos: fomos um dos países mais ricos do Mundo, no entanto, em menos de um século, fomos ultrapassados pela maioria dos países europeus e pelos Estados Unidos da América, devido a todo um esforço que estes empreenderam ao apostar na investigação científica e tecnológica. Infelizmente, estagnámos no tempo (uma ideia muito defendida pelo autor) e, só a partir do final do século 20, é que parece estarmos a progredir. Atualmente, em Portugal, a investigação científica é débil e parece não estarmos a tentar mudar este estado de coisas (embora o orçamento de estado para 2015 preveja um aumento na verbas destinadas à investigação). As nossas grandes “mentes” estão a ser “compradas” pelos países europeus mais desenvolvidos.
Outra ideia plasmada neste livro reflete a análise do programa de física e química, lecionado nas escolas secundárias portuguesas. Segundo o autor, trata-se de um programa antigo, mais que ultrapassado, quase inútil para os que queiram seguir um rumo profissional ligado a estas áreas do saber. A Física Moderna, por exemplo, é apenas abordada (quando o é e apenas para os alunos que têm a disciplina de Física no 12º ano) de forma breve, sem que esta abordagem abra horizontes aos alunos. Chegando à universidade, os discentes deparam-se com um programa curricular completamente diferente, sem bases sólidas que lhes permitam continuar.
Ao ler A coisa mais preciosa que temos, não pude deixar de reparar em expressões que me cativaram, umas pela ironia, outras por corresponderem à pura verdade. Permitam-me transcrever uma:
“E
porque não hão-de os nossos professores, de Letras ou de Ciências, ter também
os seus prémios? […] Há vidas profissionais dentro dos muros das escolas que
bem mereciam o favor dos holofotes por um dia que fosse e a homenagem da
comunidade beneficiária do seu labor. Há carreiras admiráveis na docência que
não são admiradas.”
Há que admitir: existem excelentes professores que, infelizmente, não são reconhecidos e que se “diluem” nas escolas, premiados pelo sistema em que vivemos, ou seja, ignorados.
Há que admitir: existem excelentes professores que, infelizmente, não são reconhecidos e que se “diluem” nas escolas, premiados pelo sistema em que vivemos, ou seja, ignorados.
Em jeito de conclusão, A coisa mais preciosa que temos, de Carlos Fiolhais, é um bom guia para saber mais sobre a Ciência e uma boa descrição de todos os problemas que Portugal está a atravessar. Aconselho a qualquer pessoa, aluno, professor, etc., a lê-lo e, desta forma, abrir os seus horizontes.
Afonso
Marques, 12º CT3
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