a insustentável leveza dos ideais

[indignação]


Simbolicamente, o mês de dezembro é um mês que congrega muitos ideais. Para muitos seres humanos é o mês do nascimento de Jesus Cristo, arauto da paz e do amor entre os homens. Talvez por isso, instâncias internacionais como a ONU, atribuíram um significado especial a vários dos dias do mês de dezembro: dia da pessoa com deficiência, dia do voluntário, dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos, Dia das migrações… Porém, nenhum dos ideais subjacentes a estes dias ganha consistência sem indignação.

Indignação? O que é isso?
Creio que em breve a palavra indignação não constará nos dicionários. Todos os dias ouvimos pessoas descontentes com a sua vida, com o seu país… Dizem-se indignados com as situações que atravessam, mas nada fazem para as mudar. Bem, não tenho aqui um dicionário à mão, mas tenho a certeza de que estar indignado implica exatamente isso: esforçarmo-nos para mudar o que nos desagrada.
Mas estes supostos indignados de hoje não são mais do que um exemplo da Lei da Inércia: “um corpo em repouso tende a permanecer em repouso”. As pessoas queixam-se, queixam-se, mas continuam sem lutar, continuam “em repouso”, continuam inertes.
Há uns séculos, ainda antes da assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o povo revoltava-se, pegava em forquilhas, tochas e saía à rua: indignava-se! Hoje, que temos esse direito garantido, nada fazemos.
Einstein disse certa vez: “Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. E ainda não estou certo quanto ao universo.” E aparentemente tinha razão. Não temos direito à indignação? Temos. Se não o fazemos é por pura estupidez. Está na hora de mudar isso.

Rui Simões, 11.º CT4

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