a ler...

... O dono do mundo, de João Ermida


Este mês decidi ler a obra O Dono do Mundo, de João Ermida.

João Ermida nasceu em 1965, no Porto. Trabalhou em várias instituições financeiras, incluindo o Citibank e o Banco Santander. É autor dos ensaios Verdade, Humildade e Solidariedade e Agarrem o Futuro.

Com O dono do mundo, João Ermida faz a sua estreia na ficção. A narrativa desta obra remonta à época da queda do muro de Berlim, ou seja, ao ano de 1989.

Fig. 1 - Livro disponível na BECP

Paulo é um jovem português que trabalha num banco de investimento e vê surgir a oportunidade da sua vida com os acontecimentos da época, nomeadamente, a queda do muro de Berlim - a de criar bancos nos países orientais e nos países da América Latina, de forma a obter bons lucros. Ambicioso e cego pelo dinheiro, Paulo vai “escalando” na hierarquia do banco onde trabalha, através de esquemas pouco éticos.

A dada altura, assiste-se a uma mudança significativa no panorama político com a queda do capitalismo. A moeda deixa de ter valor, as pessoas vivem com medo, fechadas em casa e só saem à rua em situações de emergência. A água é um bem que é racionado, tal como a eletricidade.

Porém, todo este cenário apocalítico é apenas um sonho, algo de que Paulo se dá conta ao acordar. Paulo percebe, então, que o que importa na vida não é possuir dinheiro e títulos - muito mais importante é ter bons amigos.

Esta obra é muito interessante porque nos mostra um exercício cada vez mais real: a queda do capitalismo. Com o abismo entre os ricos e os pobres cada vez maior e com o uso dos recursos do planeta a uma velocidade galopante, estamos a caminhar para um futuro problemático, onde a verdadeira natureza do Homem (sobrevivência) se irá manifestar. Estamos a formar uma bolha gigantesca que um dia vai rebentar. Quando o capitalismo cair e o mundo financeiro parar, todos os nossos bens pessoais deixarão de ter valor. Tudo o que é supérfluo deixará de existir.

Há que refletir sobre os nossos atos: será que importa sermos ricos monetariamente quando somos pobres de espírito? O poder e o dinheiro são coisas que corrompem o ser humano. De nada vale termos grandes posses se, no fim, não levamos nada desta vida. Todos nascemos e morremos como iguais. É a lei da vida. Mas, se podemos praticar o bem enquanto estamos vivos, porque não o fazemos? Por ganância? Por egoísmo? Talvez sim, talvez não. 

Recomendo a leitura desta obra, como forma de auto-reflexão dos nossos atos.

Afonso Marques, 12º CT3


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