um conto por dia...
... nem sabe o bem que lhe fazia!
O conto é uma narrativa de curta dimensão, cuja ação nos prende pela precipitação rápida para o final, normalmente inesperado. E, por ser conciso, facilmente nos envolve na trama em que enreda as personagens, sem grandes dispersões de espaço ou tempo e centrando-se na mensagem que nos quer transmitir.
Quartos de Hotel. Quartos de encontros, desencontros, reencontros,
despedidas, partidas...
A Literatura. O Amor. A Paixão. Sonho. Desilusão. Quartos de Hotel. Quartos de lua. Quartos de Vidas...
«[...] E fora tal o
escândalo e a berraria que aquilo que não passaria de um episódio sem rasto
acabou por transformar-se no funeral daquele casamento. As coisas que têm de
acontecer lá se organizam para os seus desenlaces, em geral por ínvios meandros
que nenhuma ficção suportaria, sob pena de parecer inverosímil. Assim meditava
Maria Pascoal, enternecida com a conclusão da história que vira nascer e
extraviar-se, naquele mesmo hotel à beira-mar, catorze anos antes. Lembrava-se
das lágrimas de Carmen, da bebedeira de Miguel, do desejo que circulava em
redor deles como um halo de luz, tão intenso e cego, tão infantil e desavisado,
incapaz de ver o seu caminho. Essa aura invadia agora o hotel inteiro,
infiltrava-se nos quartos dos congressistas, tinha uma existência física. A
marca distintiva do amor é a de uma terceira entidade, atmosférica e concreta,
que faz com que os amantes se transfigurem na presença um do outro. O amor
empurra dois corpos um para o outro, como se dançassem, ainda que em lados
opostos da sala ou do mundo.»
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