um conto por dia...

... nem sabe o bem que lhe fazia!

       O conto é uma narrativa de curta dimensão, cuja ação nos prende pela precipitação rápida para o final, normalmente inesperado. E, por ser conciso, facilmente nos envolve na trama em que enreda as personagens, sem grandes dispersões de espaço ou tempo e centrando-se na mensagem que nos quer transmitir.


Ninfas e Adamastores - Açores do séc. XIX. Um emigrante judeu do Magrebe estabeleceu-se em S. Miguel e ali encontrou o lugar onde se enraizar, onde criar a família e a fortuna. Contudo, quer a nível pessoal, quer a nível financeiro, a luta para se manter numa terra, abandonando a vida errante, acaba por revelar-se maior do que ele próprio. 

     «Foi por livre e espontânea vontade que minha mãe decidiu ficar no Magrebe. Foi por livre  e espontânea vontade que minha mãe decidiu nunca contar que pouco depois dele ter viajado  para os Açores descobriu que estava grávida. Meu pai tentou, através de cartas, trazê-la para o “desterro”, como ela se referia a este lugar.
       Ocultou as cartas sempre, guardando-as, não sabia se ainda viria a necessitar delas. Mas o seu plano era outro. Tencionava dar por anulado o casamento por notícia da morte do marido. Assim, viúva e com apenas um filho, ainda jovem, conseguiria desposar de novo, o que no meio social dos meus avós e com a sua influência não seria difícil.
       Levou a cabo os seus intentos e vivi vinte anos com um homem a quem chamei pai, sem outros irmãos, sem desconfiar do real passado que minha mãe escondia de mim.
       Mandou fazer as malas logo após o funeral do meu padrasto. Não se pense que se sentia sozinha e por isso preferiria “desterrar-se” para ter a compreensível companhia masculina. O facto é que, vim a percebê-lo depois, os ecos de que o meu pai começava a negociar com gente de Inglaterra e, embora já contabilizasse algumas perdas, se destacava dos demais judeus daquelas paragens, chegaram-lhe aos ouvidos e refizeram-lhe os afectos esquecidos. A minha mãe gostava de dinheiro, de luxo. Casar-se com o meu padrasto gorou-a por completo. Ele não só nunca enriqueceu como nunca a libertaria para voltar ao seu anterior marido. Na verdade, ao aperceber-se da infelicidade da minha mãe, proibiu-a de sair de casa durante muito tempo.»


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